Donald Trump assinou acordo secreto que protege armas nucleares de Israel

por RTP
A primeira carta surgiu durante o governo de Clinton, “como parte de um acordo pela participação de Israel nas negociações de Wye River em 1998 com os palestinos” REUTERS

Num artigo publicado pelo New Yorker, na segunda-feira, é revelado que Donald Trump assinou um documento onde prometeu não forçar o Estado israelita a renunciar das suas armas nucleares.

Segundo o jornal New Yorker, o acordo foi assinado a 13 de fevereiro de 2017, um mês depois de Donald Trump ter tomado posse. Ron Dermer, embaixador de Israel nos EUA, deslocou-se à Casa Branca para "discutir várias questões com os novos colegas americanos".

Entre os vários assuntos levados a discussão, estava aquele que é considerado pelo jornal norte-americano "o segredo mais mal guardado" de Israel: o arsenal nuclear.

A visita do embaixador israelita e a proposta de acordo apanharam Donald Trump e seus assessores de surpresa. Desconheciam a existência de uma carta, que alegadamente já havia sido assinada em mandatos anteriores.

O segredo remonta à presidência de Bill Clinton, quando uma carta semelhante foi entregue pelos israelitas. Também George Bush e Barack Obama assinaram cartas semelhantes, sendo que nenhum dos presidentes sabia da existência dos acordos anteriores.

"A existência destas cartas foi um segredo bem guardado", escreve o jornal New Yorker. Apenas um pequeno grupo de funcionários americanos sabia da existência destas cartas, uma vez que os israelitas ficavam comprometidos a não falar publicamente da sua existência.

A primeira carta, segundo o artigo publicado no New Yorker, surgiu durante o governo de Clinton, "como parte de um acordo pela participação de Israel nas negociações de Wye River em 1998 com os palestinos".

Na carta, Bill Clinton "assegurou ao Estado judeu que nenhuma futura iniciativa americana de controlo de armas «diminuiria» as capacidades de «dissuasão» de Israel, uma referência clara ao arsenal nuclear".
"Nunca pediremos a Israel que abandone as suas armas nucleares"

As cartas têm leituras diferentes por parte de Israel e dos Estados Unidos. Funcionários israelitas "interpretaram as cartas como um compromisso efetivo de sucessivos presidentes americanos de não pressionarem Israel em relação ao seu arsenal nuclear". As autoridades americanas, tal como é referido no New Yorker, veem as cartas de forma "menos categórica".

"Não foi um cheque em branco [do tipo] 'Nunca pediremos a Israel que abandone as suas armas nucleares'. Era mais algo assim: 'Aceitamos o argumento israelita de que eles não se vão desarmar sob as condições atuais no Médio Oriente'", declarou um ex-funcionário dos EUA ao jornal norte-americano.

O jornal norte-americano escreve ainda que Avner Cohen, historiador do Instituto Middlebury, revelou que "as administrações dos EUA têm hesitado em desistir inteiramente da possibilidade de libertar a região de armas nucleares se Israel chegar a um acordo de paz abrangente com os seus vizinhos, incluindo o Irão".
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