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Donald Trump levanta sanções impostas à Turquia

por Joana Raposo Santos - RTP
Donald Trump deu instruções ao secretário do Tesouro para levantar todas as sanções impostas a 14 de outubro Foto: Tom Brenner - Reuters

O presidente norte-americano anunciou esta quarta-feira que a sua Administração vai levantar todas as sanções recentemente impostas à Turquia, depois de esta ter aceitado um cessar-fogo permanente no norte da Síria, na sequência de um acordo com a Rússia.

“Esta manhã, o Governo da Turquia informou a minha Administração de que iria pôr fim ao combate e à ofensiva na Síria, tornando o cessar-fogo permanente – e será, de facto, permanente”, declarou Donald Trump.

“Contudo, também definiria a palavra ‘permanente’ naquela parte do mundo como sendo questionável, todo compreendemos isso. Mas acredito realmente que [o cessar-fogo] será permanente”, continuou.

Por essa razão, o presidente dos EUA deu “instruções ao secretário do Tesouro para levantar todas as sanções impostas a 14 de outubro como resposta à ofensiva turca contra os curdos na região fronteiriça do norte da Síria”.

“Caso a Turquia não cumpra com as suas obrigações, incluindo a proteção das minorias religiosas e étnicas – o que realmente acredito que irá fazer – reservamo-nos o direito de voltar a aplicar sanções, incluindo taxas substancialmente aumentadas sobre o aço e todos os outros produtos provenientes da Turquia”, salientou Donald Trump.

O líder dos EUA acrescentou que apenas um “pequeno número” de militares norte-americanos irá permanecer na Síria para proteger o petróleo na região.
Trump agradece a Erdogan
Donald Trump aproveitou para agradecer ao presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, pelos esforços para alcançar um acordo para a Síria.

“Quero agradecer novamente a todos os do lado norte-americano que ajudaram ao cessar-fogo na Síria, por terem salvado tantas vidas. Juntamente com o presidente Erdogan da Turquia, um homem que conheço muito bem e que ama o seu país e que, na sua perspetiva, está a fazer o melhor para a Turquia”, declarou.

O presidente norte-americano voltou a justificar a decisão de retirar os militares norte-americanos do norte da Síria, frisando que está na altura de “deixar outros lutarem” nesta guerra "sangrenta" que já matou “centenas e centenas” de pessoas.

“Era suposto [os militares norte-americanos] ficarem na Síria por apenas 30 dias. Isso foi há quase dez anos”, declarou. “Era suposto ser um golpe rápido para que depois os militares fossem embora, e foi realmente um golpe rápido mas eles acabaram por lá ficar quase dez anos”.

Os números indicados por Trump já foram, porém, questionados, uma vez que os ataques aéreos por parte dos Estados Unidos na Síria começaram em 2014, sendo que os militares foram destacados para a região apenas em 2015, não totalizando os dez anos referidos pelo Presidente.
Alegados crimes de guerra
Ainda esta quarta-feira, o enviado especial dos EUA à Síria afirmou que as forças norte-americanas encontraram provas de crimes de guerra levados a cabo pelas forças turcas nessa região durante a recente ofensiva contra os curdos.

“Não encontrámos provas extensas de tentativa de eliminação étnica”, declarou James Jeffrey numa audição na Câmara dos Representantes. “Mas houve vários incidentes que consideramos crimes de guerra”.

O enviado especial informou que os Estados Unidos já se encontram a analisar estes casos e exigiram explicações ao Governo turco.

Jeffrey confirmou ainda que mais de uma centena de combatentes do autoproclamado Estado Islâmico escaparam durante a recente ofensiva turca na Síria, informação que já tinha sido avançada pelo secretário da Defesa, Mark Esper. “Não sabemos onde eles estão”, confessou Jeffrey.
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