Donald Trump sabia que atacantes do Capitólio estavam armados

por RTP

Cassidy Hutchinson, antiga assessora da Casa Branca na administração Trump, revelou em Washington que o ex-Presidente foi informado que os manifestantes que protagonizaram uma tentativa de ocupação do Capitólio estavam armados mas que insistiu que os deixassem avançar.

“Deixem a minha gente passar” e marchar em direção ao Capitólio, terá dito Donald Trump pouco antes de milhares de apoiantes seus, para impedir a certificação da vitória nas presidenciais de Joe Biden, entrarem em confrontos violentos com a polícia, nos quais morreram cinco pessoas.
As imagens de uma multidão a invadir a sede do Congresso dos Estados Unidos chocaram o mundo.
Donald Trump havia anteriormente feito um discurso inflamado perto da Casa Branca, onde encorajou os seus apoiantes a marchar em direção ao Capitólio, lançando acusações infundadas de que os democratas tinham cometido fraude eleitoral naquela votação.

No testemunho que deu terça-feira perante o comité da Câmara de Representantes que está a investigar o ataque ao Capitólio, Hutchinson citou Trump a dar instruções à sua equipa, utilizando termos vernáculos, para que retirassem os detetores de metal que, considerava o ex-Presidente, fariam perder tempo aos seus apoiantes.

“Não me importo que eles tenham armas", disse então Trump, citado por Cassidy Hutchinson.

Eles não estão aqui para me magoar. Estou-me marimbando se eles têm ou não armas”, disse especificamente Trump, citado pela antiga assessora.

Na audiência especial, Hutchinson revelou também que o então advogado de Trump Rudy Giuliani e Meadows manifestou interesse em receber indultos presidenciais preventivos na sequência imediata do ataque do Capitólio.

A nova ligação entre Giuliani e os Guardiões do Juramento e os "Orgulhosos" levantou o espectro de que o então advogado do antigo presidente estava amplamente consciente das intenções de dois grupos de extrema-direita - cujos membros superiores foram desde então acusados de conspiração sediciosa.

A jovem de 25 anos, que era assistente especial e assessora de Mark Meadows, já deu antes uma série de informações a investigadores do Congresso e fez vários depoimentos à porta fechada.

Mas o comité convocou a audiência para ouvir o seu depoimento público, aumentando as expectativas de novas revelações na investigação que dura há quase um ano.

No seu depoimento, Cassidy Hutchinson disse ainda que Trump tentou agarrar o volante de uma limusine presidencial em 6 de janeiro de 2021 para juntar-se aos seus apoiantes na marcha sobre o Capitólio.

A antiga assessora da Casa Branca citou Trump como tendo exigido ao agente da segurança que estava ao volante que o levasse imediatamente ao Capitólio, reclamando ser o Presidente e usando termos vernáculos.

Como o agente se recusou, Trump tentou agarrar o volante, acrescentou Hutchinson.

Os eventos referidos no seu depoimento – explicados em detalhes novos e vívidos pela primeira vez publicamente – são de interesse potencialmente vital tanto para o comité quanto para o Departamento de Justiça.

A vice-presidente da comissão, Liz Cheney, encerrou a audiência especial com provas de potenciais tentativas de manipulação de testemunhas por pessoas aparentemente próximas do antigo presidente. Numa chamada ao estilo mafioso, uma testemunha foi avisada de que Trump sabia que eles permaneceriam "leais".

C/Agências
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