Ebrahim Raisi à frente nas eleições presidenciais no Irão

por RTP
Reuters

O clérigo ultraconservador Ebrahim Raisi está a um passo de vencer as eleições presidenciais no Irão, tendo reunido até ao momento mais de 62,2 por cento dos votos. Os resultados parciais divulgados este sábado, quando foram contados 90 por cento dos votos, indicam que Raisi foi o escolhido por 17,8 milhões dos 28,6 milhões de votos contados.

Ainda antes de se conhecerem estes resultados, outros candidatos admitiram a derrota e felicitaram Raisi, como foi o caso de Mohsen Rezaei, Abdolnaser Hemmati e Amir Hossein Ghazizadeh.

Ebrahim Raisi tem 60 anos e é um clérigo conservador apoiado pelo próprio líder supremo do Irão, o ayatollah Ali Khamenei. Elogiado por políticos e fações conservadoras do país, era o vencedor esperado nesta eleição. Desde 2019 que era o chefe da Autoridade Judicial do país.

Para além de ser visto como favorito nestas eleições presidenciais, Ebrahim Raisi é também apontado como o mais provável candidato a substituir Khamenei aquando da sua morte. Khamenei tem 81 anos e é ayatollah do Irão desde 1989, desde a morte de Ruhollah Khomeini.

A par das visões ultraconservadoras, Raisi é acusado de ter desempenhado um papel central na execução em massa de prisioneiros políticos em 1988, no fim da guerra de oito anos entre Irão e Iraque.

Também por esse motivo, Raisi está na lista negra de autoridades iranianas sancionadas por Washington devido a "cumplicidade em graves violações dos Direitos Humanos".

Nas últimas três décadas, este clérigo foi diretor da Organização de Inspeção-Geral, procurador-geral do Tribunal Especial do Clero e vice-chefe de Justiça, entre outros cargos.

Ebrahim Raisi já tinha sido candidato nas eleições presidenciais de 2017, mas perdeu contra o Presidente Hassan Rouhani, que se recandidatava ao cargo.

A eleição ocorre num momento crítico em que o Irão e seis grandes potências procuravam reavivar o acordo sobre o programa nuclear de 2015, após a saída unilateral por parte dos Estados Unidos em maio de 2018.

Desde então, após a decisão do então Presidente norte-americano, Donald Trump, que os Estados Unidos têm aplicado pesadas sanções contra Teerão. Em resposta, o regime iraniano tem-se afastado dos termos do acordo e da vigilância internacional, aumentando gradualmente a sua capacidade nuclear.

Mesmo com uma posição mais conservadora e crítica de Raisi em relação ao Ocidente, o candidato apoiou durante a campanha o regresso ao pacto internacional, sobretudo como forma de inverter a grave crise económica que assola o país e as pesadas sanções dos EUA.

Outra das grandes bandeiras do novo Presidente iraniano é a promessa de "uma luta incessante contra a pobreza e a corrupção" no país. Tal como Ali Khamenei, Raisi usa um turbante preto que o identifica como sayyid, ou seja, descendente de Maomé.

Num país controlado pelas autoridades religiosas e em que os candidatos presidenciais foram alvo de enorme escrutínio, Raisi compromete-se em defender "a liberdade de expressão, transparência e os direitos fundamentais" dos iranianos.
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