Egípcio que denunciou corrupção no país quer reunir movimentos da oposição

por RTP
A oposição no Egipto tem estado dividida e Mohamed Ali pretende uni-la para mudar o rumo do país Mohamed Abd El Ghany - Reuters

Mohamed Ali, o egípcio que há dois meses revelou casos de corrupção no país, originando uma onda de protestos pelas ruas, planeia agora coordenar um novo movimento da oposição dedicado a salvar as instituições, a economia e a democracia do Egipto, tendo ainda como objetivo a renúncia do presidente Abdel Fattah al-Sisi.

“O meu plano é, no próximo mês, começar uma iniciativa política em Londres para tentar reunir a oposição política existente dentro e fora do país. Estou em contacto com todos os movimentos políticos: a Irmandade Muçulmana, os liberais e o Movimento Jovem 6 de Abril”, anunciou Ali nesta quarta-feira.

“Sessenta por cento dos egípcios são pobres ou vão ficar pobres dentro de dois anos”, defendeu Mohamed Ali, de 43 anos, em declarações ao Guardian. “Não há educação sobre saúde, tal como al-Sisi já disse, e não há empregos. Temos 60 mil presos políticos nas cadeias”.

Mohamed Ali tornou-se num dos líderes da oposição no Egipto a 2 de setembro, quando publicou no Facebook uma série de vídeos nos quais revelou a amplitude da corrupção no país, baseando-se nos factos a que teve acesso enquanto homem de negócios que durante vários anos trabalhou em projetos de construção das forças militares.

Seguiram-se vários protestos por todo o país, mas as detenções que deles resultaram fizeram com que o movimento perdesse a força.

“Vou lançar um plano de reforma para o país em conjunto com especialistas em política, saúde, finanças, educação e meios de comunicação social. Vou apelar a todos os peritos no Egipto para que se juntem a esta campanha”, declarou esta quarta-feira Ali.
Apelo à Europa
O político egípcio não só quer avançar com um novo movimento como pede à Europa que se interesse mais pelo Egipto, considerando que existe o risco de o mandato do Presidente al-Sisi originar uma emigração em massa para os países europeus.

“A crise da barragem da Etiópia está a tornar-se mais séria e não existe ainda um acordo entre a Etiópia e o Egipto”, explicou. “Se não houver água, milhões de egípcios podem ir para a Europa (…). A imigração ilegal vai ser um risco para a Europa”.

Mohamed Ali irá também lutar pelas prisioneiras políticas no Egipto, incluindo Aisha al-Shater, filha do líder da Irmandade Muçulmana.

O coordenador deste novo movimento disse ainda que poderá tentar promover um referendo sobre o seu plano alternativo para o Egipto - algo que não será fácil, tendo em conta o nível de controlo governamental do país.

A oposição no Egipto tem estado dividida, mas alguns dos líderes de movimentos opostos ao Governo acreditam que Ali pode conseguir reunir todas as forças para mudar o rumo do país.

Mohamed Ali deixou o Egipto há um ano para se exilar em Barcelona, tendo depois partido para Londres, onde agora se encontra.
Tópicos
pub