Eleições EUA. Empresa de segurança privada impedida de colocar guardas em locais de voto

por RTP
A atividade da empresa Atlas Aegis levou a uma investigação pelo procurador-geral Keith Ellison. Hannah Mckay - Reuters

Uma empresa de segurança privada norte-americana tentou recrutar antigos militares das Forças de Operações Especiais dos Estados Unidos para que estes vigiassem locais de voto no Minnesota no dia das eleições presidenciais, a 3 de novembro. Após ser sujeita a uma investigação que alertou para o perigo de intimidação de eleitores, a empresa Atlas Aegis concordou em cancelar os seus planos.

Sediada no Estado norte-americano do Tennessee, a empresa de segurança privada Atlas Aegis foi criada no ano passado e é gerida por veteranos das forças militares dos Estados Unidos, incluindo pessoas com experiência no Comando de Operações Especiais.

No início deste mês, o diretor da empresa, Anthony Caudle, publicou um anúncio de emprego destinado a antigos militares das Forças de Operações Especiais para garantir a “segurança no Minnesota durante o dia das eleições”, protegendo “negócios locais e casas, de pilhagens e destruição” levadas a cabo pela extrema-esquerda.

Em entrevista ao Washington Post, Caudle adiantou na altura que tencionava enviar “um grande grupo” até ao Estado do Minnesota para “garantir que o movimento Antifa não tenta destruir os locais de voto”.

A atividade da Atlas Aegis levou a uma investigação pelo procurador-geral Keith Ellison, segundo o qual “as leis federais no Minnesota são muito claras: é estritamente ilegal intimidar ou interferir com os eleitores”. Um porta-voz da campanha eleitoral de Donald Trump garantiu que os membros da campanha nunca ouviram falar da Atlas Aegis.

Ellsion ordenou, assim, que a empresa desistisse das suas intenções, alertando que, para além da intimidação de eleitores, estavam também em causa as leis sobre certificação de seguranças, reuniões de grupos armados e perturbações em espaços públicos.

“Quero deixar claro como a água a quem pondere intimidar eleitores que eu não irei hesitar em pôr em prática as leis contra tal ação”, assegurou o procurador-geral esta segunda-feira, anunciando que chegou a um acordo com a Atlas Aegis.

Esse acordo estabelece que a empresa de segurança abdica de fornecer serviços de segurança até ao dia 1 de janeiro de 2022 e que não irá tentar intimidar os eleitores durante as votações para as presidenciais. Se violar o acordo, enfrentará uma multa de 50 mil dólares.
“Mal-entendido” por parte da empresa de segurança
Segundo o documento, o plano da Atlas Aegis surgiu depois de uma outra empresa de segurança sedeada no Minnesota ter recorrido à empresa do Tennessee com o intuito de proteger um grupo de negócios contra possíveis distúrbios civis devido às eleições. Essa empresa, não identificada, nunca terá, porém, mencionado que o trabalho deveria incluir seguranças junto aos locais de voto.

“De facto, Anthony Caudle e a Atlas Aegis não entenderam corretamente o objetivo do trabalho [para o qual a empresa foi contratada], que não incluía segurança junto aos locais de voto”, lê-se no acordo, segundo o qual nem os funcionários destacados para as eleições nem as forças de segurança do Minnesota sabiam que “civis armados iriam guardar os locais de voto”.

O caso está a preocupar organizações de direitos civis e até membros dos governos estaduais que, segundo o Washington Post, receiam que grupos privados – alguns deles eventualmente incentivados pelas repetidas declarações de Donald Trump sobre fraude eleitoral – apareçam armados juntos aos locais de voto e assustem os eleitores.

A situação no Minnesota é especialmente frágil, depois de vários meses de manifestações contra a injustiça racial após a morte do norte-americano George Floyd às mãos da polícia da cidade de Minneapolis. Durante esses protestos, centenas de negócios por todo o Estado foram alvo de pilhagens e destruição.
Tópicos
pub