Embaixada iraniana em Berlim quer transferir 300 milhões em notas

por Inês Geraldo - RTP
Americanas e israelitas acreditam que o dinheiro pode ser usado para financiar grupos terroristas Reuters

O Irão está a pensar em realizar a maior transferência em dinheiro vivo de sempre. Em causa estão as sanções americanas que podem congelar uma quantia a rondar os 300 milhões de euros que Teerão tem numa embaixada em Hamburgo. O país do Golfo Pérsico espera ter a aprovação do governo alemão para poder proceder à troca.

De acordo com as crenças americanas e israelitas, o dinheiro que Teerão tem na Europa pode ser usado para financiar grupos terroristas e, com as novas sanções decretadas por Donald Trump, foi pedido que inúmeras empresas não realizem negócios com o regime de Teerão ou terão, no futuro, de enfrentar a lista negra dos Estados Unidos.

Assim, o Irão quer realizar uma transferência entre a Alemanha e o país do Golfo Pérsico, em dinheiro vivo, de um valor a rondar os 300 milhões de euros para prevenir que a quantia seja congelada pelas sanções americanas e que o regime iraniano fique sem dinheiro.

A informação é avançada pelo BILD, que dá conta que a operação poderá levar a sérios problemas diplomáticos entre a Alemanha, os Estados Unidos e Israel. O BILD explicou também que o Estado iraniano precisa do dinheiro para custear as viagens a iranianos que, quando viajam para fora, precisam de ter acesso a euros, devido à recusa de cartões de crédito.
Preocupações com terrorismo financeiro
Os Estados Unidos e Israel mostram-se atentos e preocupados com a possível transferência de dinheiro. O governo norte-americano classifica o regime de Teerão como um dos principais patrocinadores do terrorismo mundial.

De acordo com o BILD, “os serviços secretos dos Estados Unidos e de Israel estão alarmados. Estão preocupados que o dinheiro, por exemplo, vai ser usado para financiar atividades terroristas”.

O Irão nega qualquer envolvimento no que toca ao financiamento de grupos terroristas e a Alemanha estuda a possibilidade de a transferência se realizar através do Banco de Comércio Euro-Iraniano, que realiza a ligação entre a Europa e o Irão.

Trata-se de uma entidade bancária com base em Hamburgo que, no passado, sofreu sanções dos Estados Unidos e da União Europeia pelo papel preponderante que teve no programa nuclear iraniano. Depois de ter sido assinado o acordo nuclear entre várias forças mundiais, as sanções acabaram por ser levantadas.

A entidade bancária que vai permitir a transferência tem como principal gestor o banco central alemão, ao qual foi pedido que entregasse 300 milhões de euros em dinheiro vivo para representantes do regime de Teerão. O montante será transportado em aviões iranianos.

Para a transferência ficar concluída, foi avançado que a principal autoridade de supervisão financeira da Alemanha já está a fazer um estudo aprofundado sobre o banco Banco Comercial Euro-Iraniana.
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