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Emirados prometem investigação "profissional" sobre sabotagem de navios no Golfo

por Lusa

Os Emirados Árabes Unidos prometeram uma investigação "profissional" e transparente sobre a "sabotagem deliberada" de quatro navios no Golfo, que agravou as tensões num contexto de guerra psicológica entre os Estados Unidos e o Irão.

No domingo, dois petroleiros sauditas, um norueguês e um cargueiro dos Emirados foram alvo de misteriosos "atos de sabotagem" ao largo do emirado de Fujairah, segundo o governo de Abu Dhabi.

Não se registaram vítimas e os navios danificados não se afundaram.

Os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita são aliados dos Estados Unidos, que têm vindo a endurecer o tom contra Teerão, seja em relação ao dossier nuclear ou às suas "ações desestabilizadoras" no Médio Oriente.

Analistas consideram que, se a responsabilidade de Teerão for comprovada no incidente de domingo, poder-se-á tratar de um aviso da República Islâmica a Washington, que acaba de reforçar a sua presença militar na região.

"Num contexto de subida das tensões regionais, operações iranianas limitadas contra os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita podem pretender dissuadir Abu Dhabi e Riade e indicar que uma guerra com o Irão não se limitará ao solo iraniano", assinalou Alex Vatanka do Instituto do Médio Oriente sediado em Washington.

"No passado, o Irão pressionou os Estados Unidos ou os seus aliados para sinalizar as suas capacidades assimétricas", notou por seu turno Neil Partrick, especialista sobre o Golfo.

Em declarações à agência France-Presse, Partrick considerou que se "realmente houve uma tentativa deliberada de danificar aqueles navios, poderá ser um aviso do Irão sobre as consequências de uma qualquer ação militar contra alvos iranianos na região".

O Irão considerou "preocupantes e lamentáveis" os alegados atos de sabotagem e pediu um inquérito.

Este "será realizado de modo profissional", respondeu o ministro dos Negócios Estrangeiros dos Emirados, Anwar Gargash, prometendo que os factos serão "claramente determinados".

Interrogado sobre um eventual papel iraniano, o emissário dos Estados Unidos para o Irão, Brian Hook, limitou-se a indicar que as autoridades norte-americanas vão ajudar os investigadores a pedido dos Emirados.

O contexto é de guerra psicológica entre Washington e Teerão após o reforço das sanções norte-americanas contra a República Islâmica, que suspendeu alguns dos seus compromissos nucleares.

Na última sexta-feira, o Pentágono anunciou o envio para a região de um navio de guerra com veículos anfíbios e uma bateria de mísseis Patriot, além de um porta-aviões e de bombardeiros B-52.

Acentuando a pressão sobre os iranianos após o incidente marítimo no Golfo, o presidente norte-americano, Donald Trump, declarou na segunda-feira: "Se eles fizerem alguma coisa, vão sofrer muito".

No mesmo dia, o New York Times divulgou que o secretário da Defesa dos Estados Unidos, Patrick Shanahan, apresentou na semana passada, numa reunião com os conselheiros de Trump, um plano que prevê o envio de até 120.000 homens para o Médio Oriente se o Irão atacar forças norte-americanas.

Os europeus declararam-se preocupados com o aumento da tensão entre Washington e Teerão e o risco de um conflito "acidental" e disso deram conta ao secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, que passou por Bruxelas.

 

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