Equipa júnior de futebol feminino afegã foge para o Paquistão

por RTP
EPA

A equipa feminina júnior de futebol do Afeganistão conseguiu cruzar a fronteira e escapar para o Paquistão. As raparigas passaram o último mês escondidas com medo de represálias por parte dos talibã, que tomaram de assalto Cabul no mês passado. A equipa principal já havia fugido mas a equipa das mais novas ficou para trás por não terem documentação.

As jogadoras escreveram uma carta ao primeiro-ministro paquistanês, Imran Khan, a pedir asilo por serem alvos de ameaças por parte dos talibã. Trinta e duas jogadoras conseguiram visas (juntamente com as famílias) e mais de uma centena de pessoas vai viajar de Peshawar para Lahore, onde vão ser alojadas na sede da Federação de Futebol do Paquistão.

Depois de os talibã terem alcançado Cabul, a antiga capitã de equipa nacional feminina pediu às raparigas que apagassem das redes sociais todas as fotos e vídeos próprios a jogar futebol e para queimarem equipamentos para poderem protegerem-se de represálias do novo regime.

Ahmadullah Waiq, um dos responsáveis do novo regime de Cabul, deixou poucas dúvidas sobre o futuro do desporto feminino no Afeganistão, dizendo que as mulheres no desporto era algo não apropriado nem necessário, dando o exemplo do críquete.

“No críquete, [as mulheres] poderão viver situações em que se possa ver caras e corpos. O Islão não permite às mulheres que sejam vistas desta forma. Numa era dominada pelos media, vão ser tiradas fotos e gravados vídeos e as pessoas vão ver. O Islão e o Emirado Islâmico do Afeganistão não vão permitir que as mulheres pratiquem críquete nem qualquer outro desporto em que possam ser expostas”.

Depois de proibidas de praticar desporto, tanto agora como no período 1996-2001, quando os talibã chegaram ao poder pela primeira vez, muitas mulheres fugiram do país. No entanto, não é só no desporto que se regista este grande êxodo. Muitas personalidades da cultura afegã também deixaram o Afeganistão com medo de perseguições.

Exemplo disso foram as saídas ainda em agosto de Aryana Sayeed, a maior cantora popular do país, e Sahraa Karimi, realizadora de filmes.
pub