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Erdogan vence na Turquia e oposição teme "regime de um só homem"

por RTP
Após as eleições entrará em vigor uma nova Constituição que concede poderes executivos alargados ao presidente eleito Alkis Konstantinidis - Reuters

Recep Tayyip Erdogan venceu as eleições turcas com maioria absoluta. Com todos os votos contados, o Presidente reeleito obteve 52,5 por cento e prepara-se para mais um mandato de cinco anos. A oposição considera os resultados injustos e desconfia de manipulação dos eleitores, defendendo que a Turquia vai entrar num "regime muito perigoso de um só homem".

O Chefe de Estado turco já se pronunciou sobre os resultados. “O vencedor desta eleição é a democracia, a vontade nacional. O vencedor desta eleição é cada um dos 81 milhões de cidadãos”, declarou perante milhares de apoiantes do seu conservador Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP, na sigla em turco).

Enquanto líder político nos últimos 15 anos, Erdogan conquistou a lealdade de milhões de turcos ao construir infraestruturas como hospitais e escolas e ao alcançar o crescimento económico do país.

“Está fora de questão virar costas ao que trouxemos a este país a nível democrático e económico”, afirmou Erdogan. “Não podemos parar até conseguirmos que a Turquia, que salvámos de conspiradores, golpistas e assassinos políticos e económicos, gangues e organizações terroristas, fique entre as dez maiores economias do mundo”.

Erdogan comprometeu-se ainda a continuar a luta contra grupos terroristas e a “libertar territórios sírios” de modo a que os refugiados possam voltar às suas casas.
“Manipulação eleitoral”
O Presidente reeleito é criticado por ter lançado uma ofensiva contra os adversários, levando a que cerca de 160 mil pessoas fossem presas. Os opositores acreditam que esta reeleição irá corroer ainda mais a democracia.

De acordo com a agência noticiosa turca Anadolu, o AKP terá 343 lugares no Parlamento enquanto o Partido Republicano do Povo (CHP), o principal candidato da oposição, terá apenas 146.Há ainda quem acredite na existência de intimidação dos eleitores, especialmente na região de Urfa, na fronteira com a Síria. A comissão eleitoral declarou que irá investigar estas possíveis irregularidades.

O Chefe de Estado foi surpreendido nestas eleições com a união dos partidos nacionalista, islamita e pró-curdo numa tentativa de evitar que o Presidente eleito alcançasse novamente o poder.

Murrahem Ince, líder do CHP que obteve 31 por cento dos votos, afirma que os meios de comunicação turcos foram responsáveis pela manipulação da perceção dos eleitores ao divulgar percentagens falsas relativas a estas eleições.

A maior parte dos órgãos de comunicação social da Turquia é controlada pelo Governo de Erdogan.

No entanto, o líder da oposição afirma que aceita os resultados, apesar de os considerar injustos, e pede a Erdogan que não atue como líder de um partido, mas como “Presidente de todas as pessoas”.

Ince declarou esta segunda-feira que o regime em que a Turquia vai entrar é “muito perigoso”. No domingo, o rosto do CHP defendeu uma segunda volta nas eleições presidenciais e prometeu continuar a sua luta pela democracia independentemente dos resultados.
Demasiado poder?
Após as eleições entrará em vigor uma nova Constituição que concede poderes executivos alargados ao Presidente eleito, reduzindo assim as funções fiscalizadoras do Parlamento. Esta mudança tem sido criticada por colocar demasiado poder nas mãos de uma só pessoa.

Alguns destes poderes são a nomeação direta de altos funcionários públicos, incluindo ministros e vice-presidentes, o poder de intervir no sistema legal do país e o poder de impor um estado de emergência.

Erdogan foi primeiro-ministro durante 11 anos até se ter tornado Presidente, em 2014. É considerado o líder turco mais poderoso desde o fundador da República, Mustafa Kemal.
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