Escalada de violência em Myanmar é uma "catástrofe para os direitos humanos"

por Lusa
Reuters

Genebra, 11 jun 2021 (Lusa) -- A alta-comissária para os Direitos Humanos das Nações Unidas alertou hoje que a escalada de violência em Myanmar (antiga Birmânia) desde o golpe militar de 1 de fevereiro mergulhou o país numa "catástrofe de direitos humanos".

"Em pouco mais de quatro meses, Myanmar deixou de ser uma democracia frágil para se tornar uma catástrofe de direitos humanos. Cada um dos líderes militares é responsável por esta crise e deve prestar contas", apontou Michelle Bachelet, em comunicado.

A responsável afirmou que mais de 108.000 pessoas fugiram de casa no estado de Kayah, no leste do país, nas últimas três semanas, e o seu gabinete citou "relatos fiáveis" de que as forças de segurança bombardearam casas de civis e igrejas e bloquearam o acesso para ajuda humanitária.

"Os militares de Myanmar, os Tatmadaw [forças armadas], têm o dever de proteger os civis. A comunidade internacional precisa de se unificar na exigência de que os Tatmadaw cessem o uso ultrajante de artilharia pesada contra civis e alvos civis", acrescentou.

Os militares, que depuseram o governo eleito de Aung San Suu Kyi em fevereiro, enfrentam uma ampla oposição ao seu governo, que começou inicialmente com manifestações pacíficas em larga escala.

Depois de os soldados e polícias terem usado força letal para esmagar esses protestos, uma insurreição armada de baixo nível começou a emergir, tanto nas cidades como nos campos.

O gabinete de Bachelet voltou a citar relatos fiáveis de que pelo menos 860 pessoas foram mortas pelas forças de segurança desde 1 de fevereiro, maioritariamente durante as manifestações, e que mais de 4.800 pessoas - incluindo ativistas, jornalistas e opositores da junta - foram detidos de forma arbitrária.

Segundo o seu gabinete, a alta-comissária deve atualizar o principal órgão de direitos humanos da ONU, o Conselho dos Direitos Humanos, durante a próxima sessão, em julho.

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