Espanha. Assaltante da Embaixada norte-coreana contactou com FBI

por RTP

O FBI recebeu uma proposta para receber os dados e os materiais roubados dia 22 de fevereiro da Embaixada da Coreia do Norte, em Madrid. Terá sido o próprio cabecilha que liderou o assalto a contactar o FBI. A revelação foi feita esta segunda-feira pelo juiz instrutor do processo, José de la Mata.

A investigação do caso estava em segredo de Justiça, mas o juiz responsável entendeu que este podia ser quebrado.

Em 14 páginas, José de la Mata relata uma autêntica novela de espionagem, desde a preparação do assalto até aos objetivos reais dos assaltantes. Refere, nomeadamente, que o líder do grupo, identificado como Adrian Hong Chang, contactou o FBI a 27 de fevereiro, para passar informações.

Segundo o relatório do juiz da Audiência Nacional, o real obetivo do assalto à Embaixada norte-coreana em Madrid seria a captura de um diplomata aparentemente considerado um dissidente.

Perante a recusa do diplomata em acompanhá-los, o grupo limitou-se a roubar pendrives, computadores e discos rígifos. Foi este material que foi oferecido ao FBI.

Hong Chang disse ter na sua posse gravações audiovisuais e acrescentou que realizou o ataque voluntariamente, não identificando os outros nove assaltantes.

O assalto reveste-se de particular importância, uma vez que a unidade contraterrorista da polícia receava que o material roubado fosse usado para fins terroristas, nomeadamente durante a cimeira entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, que teve início no dia 27 de fevereiro de 2019, no Vietname.

O Ministério da Administração Interna de Espanha havia dito à polícia que estava a investigar o incidente na Embaixada norte-coreana.
Dia do assalto

No dia 22 de fevereiro de 2019, dez assaltantes entraram na embaixada da Coreia do Norte em Madrid e sequestraram os funcionários durante quatro horas.

Segundo José de La Mata, Hong Chang, cidadão mexicano residente nos Estados Unidos, aproveitou uma distração do segurança e conseguiu colocar os restantes membros do grupo dentro do edifício.

Chang preparou este assalto ao longo de oito meses. Numa visita a Madrid, deslocou-se a uma loja de material policial, onde conseguiu adquirir várias armas, como pistolas e facas.

Uma vez no interior da Embaixada, “começaram a golpear violentamente quem lá estava até conseguirem imobilizá-los”, disse o juiz. Uma funcionária conseguiu escapar das instalações e correu pelo bairro Aravaca, em Madrid, onde fica a Embaixada, gritando por ajuda.

Um agente da Polícia Nacional dirigiu-se à embaixada, onde Hong Chang – com um pin com a cara de Kim Jong-un na lapela – se fez passar por um funcionário, abrindo a porta e assegurando que estava “tudo normal” no edifício, como descreveu uma fonte policial.

De seguida, os dez homens roubaram três veículos da Embaixada e fugiram do local. Durante a fuga, o agente da polícia apercebeu-se que um dos condutores era o homem que tinha aberto a porta da embaixada.
Fuga para os Estados Unidos
Segundo o auto do juiz espanhol, depois do assalto, o grupo dividiu-se em quatro grupos e deslocou-se para Lisboa. Já no aeroporto Humberto Delgado, os assaltantes apanharam um avião para Newark, em Nova Iorque.

Não se sabe como é que o grupo chegou a Portugal nem como é que conseguiu embarcar, uma vez que sete dos individuo já tinham sido identificados.

No aeroporto de Lisboa, os indivíduos identificaram-se como membros de uma associação dos direitos humanos para a libertação da Coreia do Norte.

Ainda não houve comentários sobre o caso no Departamento de Estado dos Estados Unidos.
Tópicos
pub