As eleições paquistanesas desta quarta-feira estão para já marcadas por um atentado que fez pelo menos 29 mortos numa assembleia de voto em Quetta, a capital da província do Baluchistão. O atentado já foi reivindicado pelo Estado Islâmico, que tem feito tudo para desestabilizar o país nos últimos anos e radicalizou as suas ações com a aproximação deste escrutínio.
As eleições disputadas entre o ex-primeiro-ministro Nawaz Sharif (PMLN - Liga Muçulmana do Paquistão) e o herói do críquete Imran Khan (TPI - Movimento pela Justiça no Paquistão) foram antecedidas de outras ações violentas, também na província do Baluchistão.Estão registados para votar 106 milhões de eleitores paquistaneses.
O ambiente das campanhas foi desde logo toldado pelas suspeitas de fraude eleitoral e receios de violência generalizada, o que levou as autoridades a mobilizarem 371 mil militares para acompanharem este acto eleitoral, cinco vezes o número destacado para as últimas eleições, em 2013.
Um dos momentos mais sangrentos ocorreu no início do mês de julho,
quando um bombista-suicida vitimou 149 pessoas durante um comício na
cidade de Mastung, ataque que seria igualmente reivindicado pelo Estado
Islâmico e que custou a vida a Siraj Raisani, do Partido Nacional Awami.
A campanha tem sido marcada por atentados contra os candidatos. No último mês, morreram mais de 160 pessoas.
No último fim-de-semana um dos candidatos a estas eleições morreu num atentado suicida. A bomba explodiu junto à viatura em que seguia Ikram Ullah Gandapur a caminho de uma ação de campanha. Morreu também o seu motorista, quatro outras pessoas ficaram feridas.
Gandapur deslocava-se a uma manisfestação de protesto contra o tempo que estava a demorar a investigação da morte do seu irmão, Israr Ullah Gandapur, alegadamente assassinado num ataque suicida em 2013.
Fayaz Aziz, Reuters
Esta quarta-feira está a ser marcada por outros pequenos incidentes, explosões e confrontos entre elementos das duas campanhas, num saldo de dois mortos e um número indeterminado de feridos.
A Comissão de Direitos Humanos do Paquistão não descarta a existência de tentativas de manipulação da votação. O cenário em que se movem os dois candidatos é paradigmático nesse aspecto.
Imran Khan, que garante ter como alvo a corrupção enraizada na sociedade paquistanesa, é acusado de beneficiar do relacionamento com um aparelho militar que governou o país em boa parte da sua história.
Nawaz Sharif é um ex-primeiro-ministro caído em desgraça, fugido para o estrangeiro e apenas recentemente regressado ao país. Concorre a estas eleições a partir da prisão, onde se encontra devido a um processo desencadeado com o escândalo dos Panama Papers.