Estados Unidos perdoam Assange se ele negar envolvimento da Rússia em “pirataria”

por RTP
Henry Nicholls - Reuters

A equipa de advogados do fundador da Wikileaks revelou na quarta-feira, em tribunal, que um ex-congressista americano ofereceu perdão a Assange em nome de Donald Trump. Em troca, pediu que Assange negasse o envolvimento da Rússia na revelação de e-mails do Partido Democrático nas eleições presidenciais de 2016.

Durante a audiência, em Londres, a defesa de Julian Assange alegou que o ex-congressista republicano Dana Rohrabacher fez a proposta ao arguido na sequência de uma visita à capital britânica em 2017.

Referiu, na altura, que por instruções do Presidente, estava em condições de oferecer "perdão ou outra saída" se Assange negasse a ingerência russa nas eleições presidenciais de 2016 ao ajudar a piratear os e-mails do Comité Nacional Democrata (DNC).

A alegada proposta de Trump até vai ao encontro do que sempre foi afirmado pelo fundador da Wikileaks sobre ligação da Rússia no acesso à correspondência. Isto porque Julian Assange sempre negou que a fonte que disponibilizou os e-mails no centro da polémica tivesse sido o Governo russo ou qualquer outro Estado.

A alegação foi negada pelo ex-congressista: “Em momento algum eu ofereci a Julian Assange qualquer coisa ligada ao Presidente, porque não conversei com o Presidente sobre esse assunto. No entanto, ao falar com Assange, disse-lhe que se me pudesse fornecer informações sobre quem realmente lhe enviou os e-mails do DNC, intercedia por ele junto do Presidente, fazendo com que o perdoasse”.
"Fraude"
Stefanie Grisham, porta-voz da Casa Branca, disse que “o Presidente mal conhecia o ex-congressista” e classificou a afirmação como sendo uma “mentira total “ e “outra fraude do DNC”.

O Presidente norte-americano tem vindo a minimizar o envolvimento da Rússia no caso da revelação dos e-mails e até se colocou ao lado do Presidente russo ao afirmar: “Tenho grande confiança no pessoal dos serviços secretos, mas digo que o presidente Putin foi extremamente forte e poderoso na sua negação dos factos”.

As notícias sobre a alegada proposta do ex-congressista surgem poucos dias antes de se iniciar a batalha legal de Assange para impedir a sua extradição para os Estados Unidos, país onde é acusado de 18 crimes, entre eles o de publicar documentos pirateados e de espionagem.

Caso o australiano seja considerado culpado pode vir a ser condenado uma pena de prisão até 175 anos.

Assange encontra-se em prisão preventiva desde setembro de 2019, depois de ter cumprido uma sentença de 50 semanas por violar as condições da fiança que lhe tinham sido atribuídas enquanto se encontrava na Embaixada do Equador em Londres.
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