"Estrada do Apartheid" na Cisjordânia bloqueada por protesto

por RTP
Reuters

Durante 30 minutos ativistas bloquearam uma nova estrada na Cisjordânia denominada "Estrada do apartheid", que separa Israel e os territórios palestinianos ocupados com uma parede de cimento e metal de oito metros de altura. A polícia dispersou a multidão com gás lacrimogéneo e granadas de atordoamento.

É uma nova estrada, apelidada "do Apartheid", pela divisão que faz na Cisjordânia entre palestinianos e israelitas. O lado oeste é para o tráfego israelita, enquanto o lado este da estrada é para os palestinianos.

Abriu no início deste mês e permite que os judeus que vivem perto da Cisjordânia possam chegar mais rápido a Jerusalém. Os palestinianos terão uma passagem subterrânea que vai ligar as cidades de Ramala e Belém, sem que tenham de passar por Jerusalém (muitos palestinianos que vivem na Cisjordânia não têm autorização para ir a Jerusalém).

Um grupo de protestatários, do qual faziam parte israelitas, palestinianos e outros ativistas estrangeiros bloquearam o acesso à estrada durante meia-hora, mostrando uma faixa que dizia “Não ao apartheid, não à anexação”. Uma pessoa acabou por ficar ferida e outra foi detida.

“Viemos protestar contra a abertura do que, essencialmente, é uma estrada do apartheid. Esta estrada foi construída para beneficiar um dos lados. Não apoiamos estradas que têm como intuito segregar em território palestiniano”, disse Maya Rosen, uma das manifestantes presentes.

A polícia usou gás lacrimogéneo e granadas de atordoamento para dispersar os manifestantes. As autoridades israelitas fizeram um comunicado oficial, afirmando que tanto israelitas como palestinianos podem usar a estrada, desde que tenham a documentação certa.
Acusações de ambos os lados
O porta-voz do Conselho Regional de Binyamin (representa mais de 40 colonatos) afirmou que a nova estrada “era uma linha de oxigénio para os residentes na região, que trabalham, estudam e procuram atividades culturais em Jerusalém”.

Yisrael Gantz garantiu mesmo que o “acesso à cidade foi revolucionado”.

“A afirmação de que esta é uma estrada do apartheid é um disparate. Apartheid é discriminação baseada nas raízes étnicas e raciais. A entrada para Jerusalém através do lado oeste é permitida a toda a gente que tenha autorização especial, sendo indiferente a nacionalidade, religião e raízes étnicas e raciais”, disse Gantz à CNN.

O ministro da Segurança Pública de Israel já havia apresentado a obra como mais uma “tentativa de reforçar a soberania na região, acrescentando que “a estrada foi inaugurada como um exemplo de como pode ser criada reciprocidades entre israelitas e palestinianos, enquanto se salvaguarda todos os desafios à segurança que existem”.

Do lado palestiniano, um dos membros da Organização para a Libertação da Palestina acusou a criação da estrada de provar a vontade israelita de reforçar um regime colonial e racista e impor Israel em todo o território da Palestina.

“Com o apoio da administração dos Estados Unidos, onde se incluiu o apoio às várias violações e total desdém pela lei internacional, Israel está a destruir a contiguidade e integridade territorial da Cisjordânia para promover os seus interesses coloniais e facilitar a criação de Bantustans através de todo o território palestiniano”.

Bantustans são pequenas áreas criadas para sul-africanos negros durante o regime do apartheid.
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