Estudo: 40,3 milhões vítimas de escravatura moderna

por RTP
As mulheres constituem 71 por cento das vítimas Jitendra Prakash - Reuters

O Índice Global de Escravatura revelou esta quinta-feira que mais de 40 milhões de pessoas são vítimas de escravatura moderna. Apesar da legislação contra estas situações, os Estados Unidos são dos países que mais importam produtos em risco de serem produzidos através de trabalhos forçados.

Em 2016, 40,3 milhões de pessoas foram vítimas de escravatura moderna. O estudo que o comprova atestou que, deste número, 71 por cento eram mulheres e 29 por cento eram homens.

Teve-se em conta apenas dois tipos de escravatura: casamentos forçados – onde se contabilizaram 15,4 milhões de casos – e trabalhos forçados – onde se encontraram 24,9 milhões de situações.

De acordo com o estudo, os três países com maior prevalência de escravatura moderna são a Coreia do Norte, a Eritreia e o Burundi. As razões são claras, visto que nestes países o Estado recruta os cidadãos para trabalhos forçados na agricultura e na construção, por exemplo.

O estudo marca ainda os países mais vulneráveis a este tipo de escravatura: a República Centro Africana, com uma vulnerabilidade avaliada em 100 por cento; o Sul do Sudão, com 94,7 por cento e o Afeganistão, com 93,9 por cento.

Desde a publicação do Índice Global de Escravatura que os Governos tomaram medidas para combater a escravatura moderna. Em 2018, 122 países criminalizaram o tráfico humano, ao passo que 38 proibiram casamentos forçados.

A resposta dos Governos à escravatura moderna é avaliada de A a D. O documento deste ano mostrou que os que melhor responderam a estes problemas foram a Holanda (classificada com A), os Estados Unidos e o Reino Unido (ambos classificados como BBB).

Portugal é o nono país, numa lista de dez, considerado como um dos Governos que melhor respondeu à situação de escravatura moderna, também classificado como BBB.Trabalhos forçados: G20 importa 354 mil milhões de dólares em bens
Apesar se tratar de países com medidas próprias para combater este tipo de escravatura, a situação altera-se quando se fala de bens importados.

O Índice Global de Escravatura deste ano analisou os produtos que os países pertencentes ao G20 importavam e corriam o risco de fomentar escravatura moderna.

O G20 é um grupo formado pelos ministros das finanças e chefes dos bancos centrais das maiores economias do mundo.

Constatou-se que, apesar de figurar em segundo lugar no combate à escravatura moderna, os Estados Unidos foram dos que mais importaram bens em risco de serem produzidos através de trabalhos forçados.

Mais concretamente, os EUA consumiram 144 mil milhões de dólares destes produtos de risco. Os cinco principais foram os equipamentos eletrónicos (computadores, portáteis e telemóveis), as peças de vestuário, o peixe, o chocolate e a madeira.

Estimou-se que a China foi a maior fonte destes bens de risco, com os Estados Unidos a importarem equipamentos eletrónicos, peças de vestuário e peixe em cerca de 121 mil milhões de dólares.

A segunda maior fonte foi o Vietname, de onde os EUA importaram vestuário em cerca de 11 mil milhões de dólares. Seguiu-se a Índia, que lucrou cerca de 3 mil milhões com a exportação de peças de vestuário para os EUA.

No total, os países do G20 importam anualmente 354 mil milhões de dólares em bens que podem ser o produto de escravatura moderna.

No entanto, e segundo ressalva o jornal The Guardian, há quem se oponha à definição de escravatura e à metodologia utilizadas no Índice Global de Escravatura, como é o caso de Anne Gallagher na sua revisão What’s wrong with the Global Slavery Index - “O que está errado no Índice Global de Escravatura”.
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