Estudo britânico indica baixo risco de reinfeção nos primeiros seis meses

por Graça Andrade Ramos - RTP
Arnd Wiegmann, Reuters

Quem foi infetado com SARS-CoV-2 deverá estar livre nos seis meses seguintes de contrair de novo o coronavírus responsável pela Covid-19. É a conclusão de um estudo britânico, que acompanhou 12.180 membros do pessoal de saúde das Universidades de Oxford, que tem estado na linha da frente no combate à pandemia, ao longo de 30 semanas, entre abril e novembro deste ano.

A conclusão, anunciada esta sexta-feira, deverá sossegar cerca de 51 milhões de pessoas no mundo inteiro, particularmente as que foram infetadas nos meses mais recentes. "Estas são muito boas notícias, porque podemos confiar que, pelo menos num curto prazo, a maioria das pessoas que tiveram Covid-19 não irão contraí-lo novamente", comentou David Eyre, professor no Departamente de Nuffield para Saúde Humana, de Oxford, que co-produziu o estudo.

Mike Ryan, responsável na Organização Mundial de Saúde para as pandemias, também saudou a revelação do estudo. "Estamos a ver respostas imunitárias sustentadas entre as populações humanas, até agora", comentou. "Também nos dá esperança quanto à vacina".

Maria van Kerkhove, que lidera tecnicamente na OMS o combate ao coronavírus, referiu que "ainda teremos de seguir estas pessoas por um período longo de tempo para ver quanto tempo dura a sua imunidade".

O estudo parece contrariar em larga escala algumas ocorrências isoladas de reinfeção com SARS-CoV-2 já registadas e que faziam admitir a possibilidade de que a imunidade ao coronavírus fosse de curta duração e que pacientes recuperados poderiam adoecer de novo em pouco tempo.

Os casos de reinfeção deverão permanecer uma possibilidade mas rara, indica o estudo.

Durante a investigação, 89 das 11.052 pessoas sem anti-corpos estudadas, desenvolveram uma nova infeção sem sintomas, algo que não ocorreu com nenhuma das 1.246 com anti-corpos analisadas. Estes funcionários também se mostraram menos suscetíveis a testar positivo à Covid-19 sem sintomas, com 76 sem anti-corpos a testar positivo comparativamente a apenas três entre os que já tinham imunidade. Mesmo estes três estão todos bem e não tiveram sintomas, refeririam os investigadores.

O estudo continua.
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