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EUA atacam milícias apoiadas pelo Irão situadas no Iraque e Síria

por RTP
Mark Esper, secretário norte-americano de Defesa, ao centro, com o secretário de Estado, Mike Pompeo, à esquerda, e o general do Exército norte-americano Mark Milley, numa conferência de imprensa sobre o ataque de domingo a várias posições no Iraque e na Síria. Tom Brenner - Reuters

Os Estados Unidos bombardearam no domingo várias posições de uma milícia pró-iraniana com bases na Síria e no Iraque e há registo de pelo menos 25 mortos e mais de 50 feridos. Foi a resposta de Washington, dois dias depois de um ataque que vitimou um norte-americano no Iraque. Perante a ação norte-americana, o Irão já veio considerar que se trata de "um claro exemplo de terrorismo" e as milícias no Iraque prometem uma resposta forte contra as forças norte-americanas no país.

Pelo menos 25 combatentes morreram este domingo na investida norte-americana sobre várias posições do grupo Kataib Hezbollah, uma milícia iraquiana apoiada pelo Irão com forças no Iraque e na Síria.

Foi a reação norte-americana após a morte de um empreiteiro norte-americano que estava ao serviço de Departamento de Defesa, na passada sexta-feira, perto de Kirkuk, no norte do Iraque.  

Os Estados Unidos culpam a milícia Kataib Hezbollah pela morte do empreiteiro. “Tomaremos medidas adicionais, se necessário, para agir em autodefesa e para dissuadir as milícias ou o Irão” de cometerem ações hostis, disse o chefe do Pentágono, Mark Esper, que considerou os ataques “um sucesso”.   

Antes, o porta-voz do Departamento de Defesa, Jonathan Hoffman, tinha indicado que “as forças dos Estados Unidos realizaram no domingo ataques defensivos de precisão contra cinco locais da Kataib Hezbollah”, milícia iraquiana apoiada pelo Irão.  

De acordo com o mais recente balanço, pelo menos 25 combatentes morreram nesta investida no oeste do Iraque e no leste da Síria e pelo menos 55 pessoas ficaram feridas.  
Irão condena ataques

Na reação a este ataque, Teerão acusou Washington de “apoiarem o terrorismo”, argumentando que as forças pró-iranianas no Iraque lutam contra o autoproclamado Estado Islâmico.  

“A agressão militar contra o território iraquiano e as forças iraquianas é fortemente condenada como um claro exemplo de terrorismo”, disse o porta-voz do Ministério iraniano dos Negócios Estrangeiros, Abbas Mousavi.  

"Com estes ataques, a América mostra o seu forte apoio ao terrorismo e o seu desdém pela independência e a soberania dos países", acrescentou o responsável, considerando ainda que os Estados Unidos devem assumir responsabilidade por um “ato ilegal”.  

Abbas Mousavi considerou ainda que a presença de forças estrangeiras na região é a verdadeira causa de “insegurança e tensões” e que os Estados Unidos devem pôr fim ao que consideram uma “ocupação”.  

Já os alvos dos norte-americanos no Iraque prometeram uma reação forte aos ataques aéreos dos Estados Unidos. “O sangue dos mártires não foi derramado em vão e a nossa resposta às forças americanas no Iraque será muito dura”, disse o comandante iraquiano Abu Mahdi al-Mohandes, que integra as Forças de Mobilização Popular (PMF), um conjunto de grupos paramilitares de milícias xiitas apoiadas pelo Irão que foi integrado nas forças armadas iraquianas.

De acordo com fontes de segurança iraquianas, citadas pela agência Reuters, as forças norte-americanas destacadas na província de Nínive, no norte do Iraque, estão a aumentar os níveis de segurança no local para antecipar qualquer eventual retaliação.
Exigências de Washington 

Para o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, Washington teve, com este ataque, “uma resposta decisiva que evidencia o que o Presidente Donald Trump tem referido ao longo dos últimos meses, de que não vamos tolerar que a República Islâmica do Irão adote ações que coloquem norte-americanos em risco”, frisou o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo.  


“Continuamos a exigir que a República Islâmica do Irão aja da forma consistente com o que estipulei em maio de 2018 (…) para que possa voltar a juntar-se à comunidade de nações”, disse ainda Pompeo.

O responsável norte-americano referia-se às 12 exigências apresentadas pelos Estados Unidos há ano e meio, após a retirada unilateral de Washington do acordo sobre o programa nuclear iraniano, assinado em 2015 por seis potências, ação que teve como consequência a reposição de pesadas sanções contra a economia iraniana.    

Vários pontos na lista de exigências do secretário de Estado fazem referência precisamente ao apoio de Teerão a grupos considerados terroristas, como o Hezbollah, e exigem ainda “respeito pela soberania do Iraque” com a desmobilização das milícias sírias e a retirada de forças iranianas da Síria. 
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