EUA. Autor do tiroteio no 4 de Julho pensou em segundo ataque

por RTP
Pelo menos sete pessoas morreram e 30 foram hospitalizadas com ferimentos causados por balas Tannen Maury/ EPA

O suspeito do ataque em Highland Park, perto de Chicago, confessou a autoria dos disparos que vitimaram sete pessoas de acordo com um promotor do condado. Na primeira audiência em tribunal após o ataque, Robert Crimo soube que vai continuar detido. Os tiroteios nos Estados Unidos são cada vez mais frequentes.

Aos 21 anos, Robert Crimo enfrenta sete acusações de assassinato em primeiro grau. Esta quarta-feira, dois dias após o atentado durante as celebrações do 4 de Julho, foi presente ao juiz via videoconferência. Apenas falou para confirmar que não tinha advogado e foi-lhe nomeado um defensor público.

O procurador assistente Ben Dillon declarou ao tribunal que após a detenção o jovem “forneceu uma declaração voluntária aos investigadores, confessando as suas ações”.

"Ele representa, de fato, uma ameaça específica e presente para a comunidade", disse o juiz Theodore Potkonjak ao ordenar que o suspeito continue detido.

Na terça-feira, as autoridades revelaram que o ataque, em que foram disparados mais de 70 tiros aleatoriamente a partir de um posto alto num beco, foi preparado ao longo de semanas. Até ao momento morreram sete pessoas morreram e 30 foram hospitalizadas com ferimentos causados por balas.

Ainda segundo a polícia, Crimo depois fugiu no carro da mãe até Madison, no estado do Wisconsin, onde “viu mais celebrações” e “considerava seriamente usar a arma que tinha no veículo para realizar outro ataque”. De acordo com Christopher Covelli, da polícia de Highland Park, estas informações foram-lhe transmitidas pelo próprio atirador confesso.

Robert Crimo foi detido ao volante da viatura, com uma arma semiautomática Smith & Wesson ao lado. Tinha sido encontrada um modelo semelhante no local do tiroteio.

Caso seja condenado nas sete acusações de assassinato em primeiro grau, Crimo enfrentará uma pena de prisão perpétua obrigatória sem possibilidade de liberdade condicional, referiu o procurador do condado de Lake.

O jovem, a quem devem ser feitas mais acusações, vai comparecer perante outro juiz no tribunal de Waukegan no dia 28 de julho.

Tiroteios em massa nos Estados Unidos são cada vez mais frequentes

Apenas em Julho, foram registados 11 tiroteios em massa. Desde o início do ano, contabilizam-se 320 situações em que quatro ou mais pessoas foram baleadas ou mortas, sem contar com o atirador.

Números que levam J.B. Pritzker, governador do Illinois, a considerar que “os tiroteios em massa tornaram-se numa tradição semanal americana”.

De acordo com o Arquivo de Violência Armada, que lista todos os tiroteios nos EUA desde 2013, em média, verificaram-se 11 tiroteios em massa em pouco mais de 26 semanas naquele país. Está em linha com os 692 tiroteios em massa de 2021 e um pouco acima dos 610 de 2020 e dos 417 de 2019.

O tiroteio na escola de Uvalde, no Texas, foi o mais mortífero. Dezanove crianças, com cerca de 10 anos, e dois adultos morreram, tendo ficado feridas mais 17 pessoas.

No dia em que se celebrava a independência dos Estados Unidos registaram-se vários tiroteios por todo o país, tendo sido em Highland Park, no estado do Illinois, onde se verificaram mais vítimas mortais: sete, até ao momento.

Sinais comportamentais de alerta

Em declarações ao site da National Public Radio, o investigador Mark Follman refere que se trata de “violência planeada. Existe, em cada um destes casos, sempre um rasto de… sinais comportamentais de alerta”.

O autor do livro Trigger Points nota que as ideias pré-concebidas ao nível da saúde mental devem ser investigadas. “O público em geral vê os atiradores em massa como alguém doido varrido, insano. Isso enquadra-se na ideia de que se passaram, como se estas pessoas estivessem totalmente fora da realidade”.

Contudo, existe “um processo muito racional” por trás de cada tiroteio, que instiga o seu planeamento e execução, argumenta.

Por exemplo, o suspeito do ataque de Uvaldo era um estudante de ensino secundário que comprou duas espingardas pouco após completar 18 anos e matou a sua avó pouco antes de se dirigir para a escola.

Também a polícia de Highland Park, acredita que Robert Crimo preparou o atentado durante semanas. De acordo com os investigadores, o jovem publicava vídeos nas redes sociais de conteúdo altamente violento.

Crimo já tinha sido contactado pelas autoridades no passado, após uma tentativa de suicídio, em abril de 2019, e na sequência de um incidente, em novembro do mesmo ano, em que um membro da família alertou a polícia de que o jovem tinha várias facas para o atacar.
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