EUA. Bloomberg entra em jogo e é atacado por rivais no debate dos democratas

por RTP
Bloomberg, à esquerda, foi alvo dos ataques de todos os candidatos democratas neste último debate Reuters

Esta quarta-feira, o debate entre os seis principais candidatos às eleições primárias do Partido Democrático nos Estados Unidos ficou marcado pelos vários ataques a Michael Bloomberg, naquela que foi a sua estreia num confronto direto, desde o lançamento da campanha em novembro.

Durante o debate, os vários candidatos uniram-se no ataque a Michael Bloomberg. O senador de Vermont, Bernie Sanders, destacou o apoio dado pelo magnata – ex-presidente da Câmara de Nova Iorque – à política da polícia da cidade para deter temporariamente, questionar e procurar civis e suspeitos nas ruas, em busca de armas e outras formas de contrabando.

Elizabeth Warren, senadora de Massachusetts, comparou Bloomberg ao atual Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmando que “os democratas correm um risco enorme” em substituir um “bilionário arrogante por outro”. Warren referiu também alguns comentários pejorativos que Bloomberg teria feito sobre mulheres e os acordos realizados para resolver casos de assédio sexual e processos hostis em locais de trabalho.

A senadora do Minnesota, Amy Klobuchar, acusou Michael Bloomberg de se esconder atrás dos seus anúncios televisivos, enquanto Joe Biden destacou as críticas que o candidato fez à reforma do sistema de saúde executada pelo ex-Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.

Pete Buttigieg referiu que, no caso de Sanders e Bloomberg serem os principais candidatos democratas, o partido vai ficar com duas “figuras polarizadas”.

“Um socialista que pensa que o capitalismo é a raiz de todo o mal e um bilionário que pensa que o dinheiro é a raiz de todo o poder. Não devemos escolher entre um candidato que quer queimar este partido e outro que o quer comprar”, acrescentou Buttigieg durante o debate.

Para se defender, Bloomberg pediu desculpa pela sua política policial, afirmando que, na altura, não percebeu quão prejudicial essas políticas poderiam ser para a comunidade negra em Nova Iorque.


Relativamente às acusações de Elizabeth Warren, Bloomberg afirmou que na sua empresa “existem muitas mulheres com grandes responsabilidades”, mantendo a decisão de não desistir dos acordos de confidencialidade que mantêm em segredo os detalhes dos processos contra as suas empresas, relatando que não sofreu nenhuma acusação à exceção de “piadas que possam não ter gostado”.

Globalmente, os meios de comunicação norte-americanos dizem que Bloomberg foi o grande derrotado da noite, o que levou, logo após o debate, o diretor de campanha do multimilionário a emitir um comunicado onde diz que o candidato estava apenas “a aquecer. Para a próxima corre melhor”. “Esperamos que o Mike continue a desenvolver o desempenho desta noite”, acrescentou Kevin Sheekey.

A verdade é que as sondagens conhecidas revelam que Bloomberg tem subido substancialmente nos últimos dias. É o terceiro candidato preferido pelos democratas nesta altura. No topo das sondagens está Bernie Sanders. Em segundo Joe Biden.

Durante o debate, o candidato de 78 anos foi também acusado de tentar “comprar a festa” e de acumular uma riqueza maior do que a dos 120 milhões de americanos mais pobres. Bloomberg tem uma fortuna avaliada em cerca de 56 mil milhões de dólares

Quando questionado sobre a sua saúde – três meses depois de uma cirurgia cardíaca – e a eventual capacidade de liderar a Casa Branca, Bloomberg declarou que não iria divulgar quaisquer registos médicos sobre o seu estado de saúde.

O debate desta quarta-feira ocorreu no Paris Theatre, em Las Vegas, no Estado de Nevada, que realiza as suas votações primárias este sábado.
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