EUA. Casa Branca trabalha com cenários de até dois milhões de mortos

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Tom Brenner - Reuters

Depois de terem sido apresentadas projeções que apontam para um cenário de 200 mil mortos nos Estados Unidos, Deborah Birx, a responsável por coordenar a resposta da Casa Branca ao surto de Covid-19, diz que esse é o número num quadro "quase perfeito". No pior dos cenários, a projeção do número de mortos dispara para dois milhões.

No passado domingo, o conselheiro de saúde da Casa Branca, Anthony Fauci, fez uma previsão na CNN de que mais de 100 mil americanos podiam morrer da doença Covid-19. As piores previsões de Fauci apontam para 200 mil mortes.

No entanto, o pior dos cenários para Fauci é o melhor do ponto de vista da coordenadora da Casa Branca na resposta à epidemia.

Deborah Birx disse estar “muito preocupada com todas as cidades dos Estados Unidos” e revelou que o modelo delineado pela sua equipa aponta um número de mortes entre 1,5 e 2,2 milhões para o mais negro dos cenários.

Estes números mais alarmantes são, tal como explica Birx, apenas uma projeção do número de mortes caso o país “nada fizesse” para travar a propagação do vírus. Com a implementação de medidas, sublinha a responsável da Casa Branca, a curva do número de mortes pode ser reduzida de “montanha” a “colina”.

“Acho que toda a gente compreende que, neste momento, podemos ir dos cinco aos 50, daí aos 500 e daí aos 5.000 casos muito rapidamente”, afirmou Birx durante a entrevista ao programa Today, da NBC News na segunda-feira.

Deborah Birx considera que o melhor cenário seria se “100 por cento dos norte-americanos fizessem exatamente o que é necessário, mas não temos a certeza de que toda a América esteja a responder de maneira uniforme para se proteger”.
Trump alerta para “semanas dolorosas”
Por sua vez, Donald Trump parece ter saído da sua bolha otimista e assimilado que a progressão do novo coronavírus nos EUA não está a abrandar, bem pelo contrário. Os EUA são já o país com mais casos de infeção – mais de 190 mil – tendo ultrapassado China e Itália. Os mortos são mais de quatro mil e há a registar 7.141 pessoas recuperadas.

O presidente dos EUA disse que estas previsões são “sérias” e que espera que não se venham a concretizar:

"Devemos estar preparados para este número. Vai ser assim tão elevado? Espero que não, e espero que quanto mais trabalharmos na fase de mitigação, menores sejam as hipóteses de o número ser tão alto. Mas para ser realista, temos de estar preparados para essa possibilidade".

Donald Trump alertou ainda que as próximas duas semanas serão “muito, muito dolorosas”, uma vez que o número de pessoas contagiadas continua a aumentar. No final deste período, que Trump associa ao pico da crise, o Presidente norte-americano espera que o país possa “ver a luz ao fundo do túnel”.

O presidente norte-americano anunciou ainda na segunda-feira o prolongamento das medidas de distanciamento social já implementadas até 30 de abril. Na passada semana, Trump tinha apontado 12 de abril, a Páscoa, como a data em que o país podia potencialmente voltar ao normal.

“Nada é pior do que declarar vitória antes que a vitória seja conseguida. Essa seria a maior perda de todas”, declarou Trump.
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