EUA condenam plano turco de reabrir cidade cipriota de Varosha

por Lusa
Praia no Chipre reabre após 46 anos fechada, um local que se tornou símbolo da divisão do país Facebook

Os Estados Unidos condenaram o plano anunciado pelo líder turco cipriota de reabrir a antiga estação balnear de Varosha, no Chipre, e avisaram que vão procurar "uma resposta forte" no Conselho de Segurança da ONU.

"Os Estados Unidos consideram as ações dos cipriotas turcos em Varosha, com o apoio da Turquia, provocadoras, inaceitáveis e incompatíveis com os compromissos passados de fazer parte, de forma construtiva, das negociações de paz", disse o chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, em comunicado.

O secretário de Estado norte-americano avisou que os EUA "estão a trabalhar" com os países aliados para recorrer ao Conselho de Segurança da ONU e que vão apelar a uma "resposta forte", indicou na mesma nota.

Na segunda-feira, também o Alto Representante da União Europeia, Josep Borrell, considerou o projeto de reabertura "uma decisão unilateral inaceitável, destinada a alterar o estatuto de Varosha", e exigiu "liberdade de movimento" à força de manutenção da paz da ONU em Chipre (UNFICYP) nesta zona, para que "possa patrulhar e efetuar as atividades que lhe estão confiadas".

O primeiro-ministro da autoproclamada República Turca de Chipre do Norte (RTCN), Ersin Tatar, confirmou na segunda-feira, num discurso por ocasião da celebração do 47.º aniversário da ocupação turca do norte de Chipre em 1974, na presença do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que vai ser aberta uma parte (3,5%) de Varosha, o bairro selado da cidade de Famagusta, através do levantamento do estatuto militar da zona.

O líder da RTCN, anunciada em 1983 e apenas reconhecida por Ancara, precisou que será dada prioridade aos seus antigos proprietários cipriotas gregos a apresentarem os seus pedidos de devolução ou indemnização, em particular dos seus imóveis, por intermédio da Comissão de Propriedade Imóvel (IPC, na sigla em inglês), um organismo legal destinado a resolver estes casos.

Segundo os "media" cipriotas turcos, a zona em questão poderia ser uma área próxima da zona povoada de Famagusta (por motivos de luz, água telecomunicações), com cerca de 500 habitações e onde existem 681 títulos de propriedade de cipriotas gregos.

Varosha, então conhecida pelas praias e modernos hotéis, possui uma superfície de 6,2 quilómetros quadrados e constitui cerca de 17% de Famagusta, onde viviam cerca de 15 mil cipriotas gregos, do total de 43 mil habitantes do município.

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