EUA. Polícia de Michigan pede desculpa por usar fotografias de homens negros para treino de tiro

por RTP
Reuters

O departamento da polícia de Michigan está a ser alvo de uma revisão legal, depois de terem sido divulgadas fotografias mostrando imagens de homens negros a serem usadas para a prática de tiro ao alvo. O chefe da polícia de Michigan já emitiu um pedido público de desculpas.

As fotografias foram tiradas durante uma visita de um grupo de escuteiros ao departamento de polícia de Farmington Hills, em Michigan, em abril. Uma das fotografias mostra pelo menos três alvos com imagens de homens negros a segurarem armas.

“Peço desculpa a cada pessoa nesta sala, nesta comunidade, ao meu departamento, à minha autarquia, ao meu governador municipal", disse o chefe de polícia Jeff King durante uma reunião da Câmara Municipal, a 27 de junho. “Não posso ignorar isto, mas prometo-vos, isto tornar-nos-á mais fortes, melhores, mais transparentes e esta comunidade em geral ficará melhor por isso”, afirmou.

King explicou que as fotografias utilizadas eram consistentes com a Comissão de Michigan sobre Padrões de Aplicação da Lei e pretendiam representar “uma mistura de alvos ameaçadores e não ameaçadores”. O chefe da polícia de Michigan sublinhou ainda que os alvos utilizados nos exercícios de tiro ao alvo são 85 por cento caucasianos e 15 por cento negros.

A revisão legal analisará a demografia dos alvos utilizados pelo departamento e a forma como os agentes policiais usavam os alvos.

A autarca de Farmington Hills, Vicki Barnett, anunciou que todas as imagens utilizadas durante os exercícios de tiro ao alvo foram retiradas durante a revisão.

"Disseram-nos que há razões para que essas imagens sejam usadas para abordar o preconceito implícito durante o treino, mas acreditamos que é importante compreender o contexto completo em que são utilizadas", disse Barnett. "Também iremos comparar as nossas práticas de treino com municípios regionais e forneceremos um relatório completo sobre as nossas conclusões para a comunidade”, acrescentou.
“Nós não somos o vosso alvo”
Uma família que visitou o departamento de polícia de Farmington Hills juntamente com o grupo de escuteiros disse ter reparado nas fotografias de homens negros a serem usadas para a prática de tiro ao alvo. A família não quis ser identificada, mas pediu à sua advogada, Dionne Webster-Cox, que “falasse em nome deles”.

"Para aquelas crianças, precisamos de dizer 'não, isto não é aceitável'", disse Webster-Cox durante uma conferência de imprensa. "Vocês não deviam ter visto [aquelas imagens], não deviam estar lá em primeiro lugar. Não é nada complicado. É muito simples: nós não somos o vosso alvo", afirmou.


A polícia dos EUA tem sido duramente criticada após uma série de mortes de afro-americanos, em muitos casos desarmados, às mãos de agentes policiais. A morte de George Floyd, em maio de 2020, foi o ponto de partida para o início de uma vaga de protestos nos EUA contra o racismo e a violência policial.

Dois anos depois, foram denunciados vários outros casos de violência policial contra negros. O caso mais recente ocorreu há uma semana. Jayland Walker, de 25 anos, foi morto pela polícia depois de não ter parado numa ação de fiscalização rodoviária. Vídeos divulgados pela polícia de Akron, Ohio, confirmam que os polícias dispararam mais de 90 balas contra Walker.
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