Aquando do ataque de um membro da extrema-direita a duas mesquitas na Nova Zelândia, um dos factos mais chocantes desse dia 15 de março em Christchurch foi a transmissão realizada pelo atacante através das redes sociais. Cinquenta pessoas morreram, outras tantas foram feridas e as imagens correram imediatamente todo o mundo. Colocar um delay poderia ajudar a censurar estas estratégias, mas o fundador do Facebook diz que isso estragaria a difusão de festas de anos ou conversas entre amigos.
O livestream tem muitas vantagens para quem usa actualmente as redes sociais, podendo colocar em rede dezenas de amigos – ou mais – em torno de um evento. Há no entanto um reverso perverso desta potencialidade: a difusão sem controle inicial de actos de violência ou de carácter moral e eticamente duvidoso.
Uma forma de exercer esse controle inicial seria o delay (atraso) das transmissões pelas redes sociais – Facebook, Twitter e Youtube serão os mais populares – até que um responsável ou um algoritmo retirassem os conteúdos do ar, dificultando as tentativas de doutrinação por essa via.
Tempo real fala mais alto
Questionado sobre esta solução no programa “Good Morning América”, Mark Zuckerberg rejeitou a possibilidade de vir a implementar o delay no Facebook, empresa de que é o principal fundador e actual CEO. Porquê? A relevância do factor “tempo real” na partilha de festas de anos, outros eventos e conversas de grupos é demasiado forte para ser colocada em causa.
Para o fundador do FB essa “transmissão” em tempo real é mais do que “difusão” (broadcasting), é a própria “comunicação” que está ali em causa. A resposta foi clara e a prioridade de Mark Zuckerberg não podia ter ficado mais explícita: “Se colocássemos esse atraso [nas transmissões] acabávamos com a comunicação”.
Em alternativa, Zuckerberg sugere o melhoramento “dos nossos sistemas” para que seja possível detectar este tipo de eventos com muito mais rapidez. O CEO desafia os reguladores para se chegarem à frente e apresentarem um manual de procedimentos – um livro de regras para a Internet – preservando alguns princípios básicos como seja a liberdade de expressão e a disponibilização de uma plataforma para os empresários fazerem o seu trabalho.