Ex-espião envenenado. Rússia exige investigação conjunta

por RTP
Henry Nicholls - Reuters

A embaixada da Rússia em Londres divulgou através da rede Twitter o pedido que enviou ao Governo britânico, para a abertura de um "inquérito conjunto" sobre o envenenamento do ex-espião Serguei Skripal, encontrado inanimado com a filha, Yulia, num banco de um centro comercial em Salisbury, dia 4 de março.

A embaixada afirmou igualmente que a Rússia "não está envolvida" no caso e previne que Moscovo irá ripostar a qualquer medida de represálias que possa ser decidida por Londres.

A primeira ministra britânica Theresa May afirmou segunda-feira considerar "muito provável" o envolvimento russo no envenenamento e exigiu a Moscovo explicações sem ambiguidades sobre como foi possível utilizar no incidente um agente de nervos fabricado por russos, chamado Novichock, mais potente do que o Sarin.

O prazo dado para a resposta de Moscovo termina dentro de poucas horas. O Governo britânico admite ações duras contra a Rússia caso não consiga explicações.
Tensão sobe
O Kremlin classificou como um "espetáculo circense" as acusações feitas por May. E a embaixada russa recusou esta terça-feira qualquer resposta "ao ultimatum" de Londres, enquanto não tiver acesso a amostras do agente nervoso.

O Governo russo ameaçou ainda retaliar especificamente contra media britânicos se a RT - a emissora Russia Today - for encerrada por perder a sua licença.

"Nem um só meio de comunicação britânico poderá trabalhar no nosso país se eles fecharem a Russia Today", disse Maria Zakharova, uma porta-voz do ministro russo dos Negócios Estrangeiros, de acordo com a agência estatal russa de notícias RIA.

Zakharova avisou também que ninguém deveria ameaçar uma potência nuclear, aludindo à Rússia e numa ameaça a Theresa May.
Apoios dos EUA, França e Alemanha
A primeira-ministra britânica recebeu entretanto apoios ao mais alto nível, da Alemanha, de França e dos Estados Unidos da América.

O Presidente norte-americano Donald Trump telefonou a May para lhe garantir que Washington está com o Reino Unido "em toda a linha". A Casa Branca referiu depois que "a Rússia deve esclarecer sem ambiguidades como é que o seu gás de nervos pôde ser usado".

Também a chanceler alemã Angela Merkel e o Presidente francês Emmanuel Macron se mostraram unidos a May nas suas exigências.

Macron telefonou a May de manhã, exprimindo-lhe solidariedade, e horas depois um comunicado do seu gabinete condenou o ataque ao ex-espião, lembrando o compromisso francês no combate ao uso de armas químicas.

Já o Governo de Merkel declarou esta terça feira considerar "muito sérias" as acusações de Londres contra Moscovo. "A chanceler condena firmemente este ataque, garantindo levar muito a sério a posição do Governo britânico sobre a questão da responsabilidade russa no ataque", afirmou ainda a chanceler em comunicado.
Mais um russo morto
Serguei Skripal, de 66 anos, e a filha Yulia, de 33 anos, foram encontrados inconscientes no dia 04 de março, num banco num centro comercial em Salisbury, no sul de Inglaterra.

Na quarta-feira seguinte, o chefe da polícia antiterrorista britânica, Mark Rowley, revelou que o ex-agente duplo russo e a sua filha tinham sido vítimas de um ataque deliberado com um agente que ataca o sistema nervoso.

Os dois têm permanecido hospitalizados, nos cuidados intensivos, em "estado crítico, mas estável".

Também hospitalizado está um polícia, um dos primeiros a chegar ao local para socorrer o ex-espião russo e a sua filha. O elemento das forças policiais está consciente e encontra-se em "estado grave, mas estável".

Esta terça-feira a polícia britânica anunciou que está a investigar a morte "inexplicável" de um expatriado russo de 60 anos, em New Malden. "Não há indícios que sugiram ligações ao incidente de Salisbury", afirmaram.

A morte do homem está a ser investigada pela agência de contra terrorismo como precaução devido às associações que o homem teria. Apesar da sua identidade não ter sido oficialmente revelada, sócios do russo afirmaram que se tratava de Nikolai Glushkov, de 68 anos, um antigo sócio do multimilionário russo Boris Berezovsky.

c/ Lusa
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