Ex-ministro Moro satisfeito com eliminação de rede de notícias falsas vinculada a Bolsonaro

por Mário Aleixo - RTP
Moro viu-se livre da rede de notícias falsas que o ligavam a Bolsonaro Marcelo Camargo AB

O ex-ministro da Justiça brasileiro Sergio Moro congratulou-se com a eliminação de uma série de contas e páginas dedicadas à difusão de notícias falsas ligadas a funcionários do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro.

"Fui alvo da rede de mentiras que age por motivos político-partidários. Pessoas que perderam qualquer senso de decência. Parabéns ao Facebook que suspendeu as contas de notícias falsas e fraudes", escreveu o antigo juiz e ex-minsitro Moro.

Em causa está um anúncio feito na quarta-feira pela rede social Facebook, de que removeu um total de 35 contas pessoais, 14 páginas e um grupo no Facebook e outros 38 perfis no Instagram, algumas das quais se faziam passar por meios de comunicação, criavam pessoas fictícias e promoviam "discursos de ódio".

A empresa indicou que a rede está ligada a funcionários dos escritórios de Bolsonaro e dois dos seus filhos, o deputado Eduardo Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro, além de dois parlamentares do Partido Social federal (PSL, formação política com que o atual Presidente se elegeu mas que abandonou no ano passado), Alana Passos e Anderson Moraes.


"Embora as pessoas por detrás dessa atividade tentassem ocultar as suas identidades e coordenação, a nossa investigação encontrou ligações para indivíduos associados ao PSL e a alguns dos funcionários dos escritórios de Anderson Moraes, Alana Passos, Eduardo Bolsonaro, Flávio Bolsonaro e Jair Bolsonaro", indicou o Facebook em comunicado.

Como tudo se fazia

O diretor de segurança cibernética do Facebook, Nathaniel Gleicher, explicou, num relatório, como se processava essa rede de desinformação.

"Essa rede (...) fazia publicações sobre notícias locais e eventos, incluindo política interna e eleições, `memes` políticos, críticas à oposição, a organizações de media e jornalistas. e, mais recentemente, sobre a pandemia de coronavírus. Parte do conteúdo publicado por esta rede já havia sido retirada por violações dos Padrões da Comunidade, incluindo discursos de ódio", referiu Gleicher.

Sergio Moro estava entre os alvos dessa máquina de disseminação de notícias falsas, segundo um relatório do portal `Digital Forensic Research Lab`, especializado no combate à desinformação "online", que exibiu imagens de publicações com ataques ao ex-ministro.

O Facebook revelou ainda que cerca de 883.000 perfis seguiam uma ou mais das páginas vinculadas a Bolsonaro e outras 917.000 pessoas eram seguidores de uma ou de mais contas no Instagram, que foram agora removidas.

Moro tem vindo a denunciar que desde que pediu demissão do executivo de Jair Bolsonaro, em abril passado, após acusar o mandatário de interferência na Polícia Federal, que tem sido alvo de ameaças e ataques por parte de apoiantes "bolsonaristas".

Bolsonaro é investigado pelas autoridades eleitorais em processos por alegadamente ter usado robôs para difundir notícias falsas durante a campanha eleitoral que o levou à presidência, em 2018.

Também o Supremo Tribunal Federal brasileiro abriu uma investigação no mês passado contra aliados e amigos próximos do Presidente, por suspeitas de usarem as redes sociais para espalhar propostas antidemocráticas, como encerramento do Congresso e do Supremo, assim como o regresso de uma ditadura militar.
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