Ex-PM da Austrália diz que invasão do Iraque foi decisão certa na altura

por Lusa

O antigo primeiro-ministro australiano John Howard defendeu hoje a sua decisão de participar na guerra do Iraque em 2003, ao lado dos EUA e Grã-Bretanha, afirmando foi justificada na época e não houve "nenhuma mentira".

As declarações de Howard seguem-se a um inquérito sobre o papel da Grã-Bretanha no conflito conhecido na quarta-feira.

John Howard, primeiro-ministro da Austrália entre 1996 e 2007, disse que lamenta a perda de vidas mas que mantém a sua posição.

"Penso que a decisão de invadir o Iraque foi justificada na altura e mantenho a posição porque penso que foi a decisão certa", disse em conferência de imprensa.

Questionado sobre se não deveria apresentar um pedido de desculpas às famílias dos militares, Howard disse: "Obviamente lamento os ferimentos ou lesões que tenham sofrido".

"Mas se me está a perguntar se devo pedir desculpas pela decisão que tomei, a decisão de fundo? Bom, eu defendo essa posição. Obviamente defendo-a", disse.

"Não me retrato em relação a isso. Não acredito, com base na informação que me foi disponibilizada, que tenha sido uma decisão errada. Verdadeiramente que não", acrescentou.

A Austrália contribuiu com 2.000 soldados para a coligação liderada pelos Estados Unidos para a invasão do Iraque em março de 2003.

Nenhum soldado australiano morreu em combate, embora muitos tenham ficado feridos e alguns tenham morrido em acidentes.

As declarações surgem depois da revelação na quarta-feira do relatório elaborado por John Chilcot que refere que a invasão do Iraque sob o argumento da existência de armas de destruição massiva foi realizada com provas dos serviços secretos "não justificadas" e sem ter sido esgotada a opção pacífica.

A 18 de março de 2003 o então Presidente dos EUA, George W. Bush, pediu formalmente a Howard para participar numa futura intervenção militar no Iraque, que se materializou com o envio de cerca de 2.000 soldados.

O relatório da comissão Chilcot critica duramente as decisões tomadas pelo ex-primeiro-ministro trabalhista britânico Tony Blair em relação à guerra do Iraque, na qual morreram 179 soldados britânicos e dezenas de milhares de iraquianos.

A alegada posse pelo regime iraquiano de armas de destruição maciça, nunca comprovada, foi a principal justificação para a participação do Reino Unido na invasão do Iraque, em março de 2003, quando Tony Blair liderava o governo britânico.

Chilcot, cuja comissão foi criada há sete anos para apurar os contornos do envolvimento britânico no conflito, concluiu que "o Reino Unido escolheu juntar-se à invasão do Iraque antes de esgotar as opções pacíficas para um desarmamento".

O inquérito foi anunciado em junho de 2009 pelo então primeiro-ministro, Gordon Brown (2007-2010), também um trabalhista.

 

 

 

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