Ex-PM de Cabo Verde diz que seria "incompreensível" MpD não apoiar Carlos Veiga a PR

por Lusa

O antigo primeiro-ministro de Cabo Verde e ex-presidente do MpD, Gualberto do Rosário, defendeu hoje que o partido "não tem outra opção" além de apoiar Carlos Veiga como candidato às eleições presidenciais e que o contrário seria "incompreensível".

Em entrevista à agência Lusa na ilha do Sal, o antigo governante no executivo liderado por Carlos Veiga, e ex-dirigente do Movimento para a Democracia (MpD, no poder), não tem dúvidas em afirmar que para as eleições presidenciais de 17 de outubro "dificilmente o MpD terá outra opção que não o apoio à candidatura de Carlos Veiga", que já anunciou que será candidato.

"Dificilmente vejo outra opção. Qualquer outra opção seria uma opção que criaria problemas internos reais, efetivos e significativos, com impactos designadamente nas eleições legislativas que se aproximam", afirmou António Gualberto do Rosário, aludindo ao ciclo eleitoral de 2021 em Cabo Verde, que prevê também eleições legislativas em 18 de abril.

"Os órgãos diretivos [do MpD] tomarão a decisão no momento que acharem conveniente, isto envolve questões de ordem estratégica, naturalmente, que eu não estou por dentro. Mas eu penso que em termos de opção não há outra. Há de ser seguramente o apoio à candidatura de Carlos Veiga e seria absolutamente incompreensível que fosse diferente", reforçou o antigo primeiro-ministro de Cabo Verde, cargo que ocupou de 2000 a 2001, tal como o de presidente do MpD.

Carlos Veiga, que foi o primeiro chefe de Governo escolhido em eleições livres e multipartidárias em Cabo Verde, realizadas em 13 de janeiro de 1991, e também antigo presidente do MpD, concorreu pela primeira vez ao cargo de Presidente da República cabo-verdiano em 2001 - que Pedro Pires, apoiado pelo PAICV, venceu -, tendo deixado as funções de primeiro-ministro com Gualberto do Rosário.

Na terça-feira -- no mesmo dia em que o Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, anunciou a realização de eleições presidenciais em 17 de outubro e legislativas em 18 de abril -, Carlos Veiga assumiu que é candidato às eleições presidenciais em Cabo Verde, pela terceira vez (voltou a tentar nas eleições de 2006, que Pedro Pires venceu).

Após esse anúncio, o presidente do MpD e atual primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, afirmou que Carlos Veiga é um "bom candidato" e que tem "experiência", mas remeteu qualquer sentido do apoio do partido para os órgãos internos, sem avançar datas e numa altura em que outros dirigentes têm sido apontados como possíveis candidatos.

"É meu candidato. Carlos Veiga e eu estabelecemos, para além do mais, uma parceria e uma solidariedade, ainda em 1990 [antes das primeiras eleições livres], pouca gente sabe disso, que foi muito importante para o MpD e para o país. Ajudou-nos a ultrapassar momentos de imensas dificuldades e a garantir a estabilidade do sistema democrática e da governação, e a dar um determinado rumo ao país. E esta solidariedade é para a vida fora", concluiu Gualberto do Rosário, atualmente presidente da Câmara de Turismo de Cabo Verde.

"Sou candidato às eleições presidenciais, mas sou candidato independente, apoiado provavelmente pelo MpD. Espero também por apoio de outros partidos", anunciou na terça-feira Carlos Veiga, 71 anos, advogado, que foi embaixador de Cabo Verde em Washington durante três anos, até 31 de janeiro de 2020.

Às eleições presidenciais de 17 de outubro já não concorre Jorge Carlos Fonseca, atual Presidente e que cumpre o segundo e último mandato.

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