O Nobel da Paz em 1980, o argentino Adolfo Pérez Esquivel, e o jornalista espanhol Ignacio Ramonet visitaram na quinta-feira Lula da Silva na prisão e afirmaram que o ex-Presidente brasileiro "está otimista" com o seu "futuro".
"Lula está muito otimista em relação à perspectiva jurídica no futuro próximo" e "envia uma mensagem de amor e solidariedade a todos os brasileiros e brasileiras", disse Ramonet a jornalistas ao deixar a sede da Polícia Federal de Curitiba, onde Lula está preso deste abril passado, por corrupção.
No entanto, o também escritor e catedrático de Teoria da Comunicação frisou que o ex-mandatário brasileiro acredita que os juízes que o condenaram "não vão desistir da intenção de mantê-lo na cadeia".
"Ele acredita que não foi provada nenhuma culpa contra ele, que é inocente e que tem a força dos inocentes", acrescentou.
Ramonet, que descreveu Lula como "o prisioneiro político mais importante e famoso do mundo", disse que o ex-chefe de Estado "está em plena forma física" e que foi encontrado "cheio de energia" e "intelectualmente muito vivo", apesar da sua reclusão.
O espanhol também transmitiu um pedido do antigo governante para que a sociedade brasileira continue a mobilizar-se em torno da sua causa.
Por sua vez, Pérez Esquivel, que já visitou o líder do Partido dos Trabalhadores (PT) em outras ocasiões, disse que Lula foi visto repleto de "energia" e "com muita força".
"Lula quer que reconheçam a sua inocência, que ele não é um criminoso. Ele quer sair com a cabeça bem erguida diante do seu povo e do mundo", declarou o Nobel da Paz argentino.
Esquivel também lembrou que, aproximadamente, dentro de um mês será entregue o Prémio Nobel da Paz, acrescentando que "seria muito importante que fosse entregue a Lula", cuja candidatura o próprio ativista argentino tem promovido.
"Lula é um exemplo para os Governos latino-americanos", afirmou Pérez Esquivel.
Ramonet e Esquivel revelaram que também conversaram, na hora e meia em que estiveram reunidos, sobre os incêndios na Amazónia, a situação política geral na América Latina e nos Estados Unidos.
Lula cumpre pena de oito anos e 10 meses de prisão, ratificada em três instâncias diferentes, pelos crimes de corrupção passiva e branqueamento de capitais, depois de ser considerado culpado de receber um apartamento, em São Paulo, em troca de favores políticos à construtora OAS.
Sobre Lula pesa ainda outra sentença de 12 anos e 11 meses de prisão, num caso semelhante, mas até agora ditada apenas em primeira instância e ainda não confirmado na segunda, e possui outros processos abertos na justiça por questões de corrupção.
O ex-presidente sempre declarou ser inocente e ser vítima de uma "perseguição judicial" que procura evitar o seu regresso ao poder.
Lula voltou a defender a tese da sua inocência após a divulgação de mensagens que o ex-juíz Sergio Moro, que o condenou em primeira instância e que agora é ministro da Justiça no Governo de Jair Bolsonaro, trocou com procuradores da operação anticorrupção Lava Jato, que levou o governante à prisão.
Essas conversas, realizadas via aplicação Telegram e publicadas pelo portal The Intercept Brasil, especulam que Moro coordenou e orientou ilegalmente o trabalho dos procuradores, colocando em causa a imparcilidade de Lava Jato.