Ex-primeiro-ministro malaio interpõe recurso para anular condenação e sentença de corrupção

por Lusa
Reuters

Um tribunal malaio começou hoje a julgar um recurso do ex-primeiro-ministro Najib Razak para anular a condenação e a pena de 12 anos de prisão pelo saque do fundo de investimento estatal 1MDB.

O recurso foi apresentado mais de oito meses depois de um tribunal superior ter declarado Najib culpado de abuso de poder, violação criminal da confiança e branqueamento de dinheiro.

Primeiro líder malaio a ser condenado pela Justiça, o ex-chefe do Governo, de 67 anos, argumentou ter sido enganado por banqueiros e que este caso é político.

A sentença foi parte do primeiro de vários julgamentos por corrupção contra Najib que estão ligados ao escândalo 1MDB (1 Malaysia Developmente Bank), o que desencadeou investigações nos Estados Unidos e em vários outros países.

Investigadores norte-americanos alegaram que mais de 4,5 mil milhões de dólares (3,8 mil milhões de euros) foram roubados do 1MDB e branqueados por associados de Najib.

Najib, que criou o fundo 1MDB pouco depois de ter assumido a chefia do Governo (2009-2018) malaio, chegou esta manhã ao tribunal de recurso, sem prestar declarações aos jornalistas. Antes, o antigo responsável tinha negado todas as irregularidades e a sentença foi suspensa a aguardar o recurso.

Em julho, antes da leitura da sentença, Najib afirmou desconhecer que 42 milhões de ringgit (8,5 milhões de euros) tinham sido canalizados para as suas contas bancárias da SRC International, uma antiga unidade do 1MDB.

O juiz decidiu que o argumento de Najib, de ter sido enganado pelo financeiro malaio Jho Low para acreditar que o dinheiro fazia parte de uma doação da família real saudita, para evitar suspeitas sobre desvios do 1MDB, era rebuscado e fraco.

Os investigadores identificaram Jho Low, em fuga e procurado pelas autoridades da Malásia e dos Estados Unidos há quase cinco anos, como mentor do saque do 1MDB.

O segundo e terceiro julgamentos de Najib, envolvendo algumas das restantes acusações, ainda estão a decorrer. A mulher e vários funcionários do partido e do Governo de Najib também foram acusados de corrupção em relação ao 1MDB.

De acordo com uma reportagem publicada, em novembro, pela cadeia de televisão do Qatar Al Jazeera, Low estará escondido em Macau desde 2018. Antes, em julho, o Governo de Macau tinha negado que Jho Low estivesse no território, de acordo com um comunicado do Gabinete do Secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, difundido na página oficial na Internet.

Consultor do fundo estatal da Malásia 1MDB, Low Taek Jho, também conhecido como Jho Low, é acusado nos dois países de suborno e branqueamento de capitais.

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