Exército brasileiro explica ação humanitária para acudir a venezuelanos na fronteira

por Lusa

Pacaraima, Brasil, 01 abr (Lusa) - O Exército brasileiro espera ter nas próximas semanas infraestruturas de apoio permanentes para os imigrantes venezuelanos que fogem para o norte do Brasil, criando uma crise humanitária que preocupa cada vez mais o país e a comunidade internacional.

"A Operação Acolhida, que trata da entrada de imigrantes do país vizinho, é coordenada pelo Ministério da Casa Civil e engloba diversos ministérios", explicou, em entrevista à Lusa, o coronel Carlos Eduardo Mercês, representante do Ministério da Defesa no apoio às operações de fronteira.

"Aqui [em Pacaraima, a cidade brasileira mais próxima da fronteira da com a Venezuela], temos três grandes vertentes da operação. O reforço do controlo da fronteira. A acolhida dos imigrantes que se declaram refugiados e a interiorização destes refugiados", disse Carlos Eduardo Mercês.

Os trabalhos de preparação já começaram nas áreas onde serão instaladas estruturas para controlo e acolhimento das centenas de venezuelanos que diariamente cruzam a fronteira do Brasil, fugindo da fome e dos problemas em seu país.

A operação conta com o apoio estatal de 190 milhões de reais (47 milhões de euros) para ajuda humanitária aos venezuelanos que entram no país.

Segundo o coronel, a estrutura criada para atender o fluxo de entrada em Pacaraima e na capital do estado de Roraima, a cidade de Boa Vista, - onde já estão cerca de 40 mil venezuelanos -, começou a ser montada em meados de março.

Em Boa Vista foi aberto um novo centro de acolhimento que vai retirar os imigrantes dos alojamentos precários montados na praça Simón Bolivar, procurando encaminha para um novo abrigo cerca de 200 famílias.

"O planeamento esta acontecendo há algum tempo, o recurso foi descentralizado. Hoje realizarmos algumas ações e viemos aqui expor aos moradores como irá acontecer a operação", disse.

A presença do coronel em Pacaraima foi uma resposta aos protestos dos moradores da cidade, que criticam as ações de ajuda aos venezuelanos.

Questionado sobre as reclamações dos brasileiros, Carlos Eduardo Mercês mostrou-se otimista e disse que as más impressões da população serão superadas.

"Conseguimos mudar esta perceção negativa com relação a Operação Acolhida. Quando começar a acontecer acho que as pessoas vão começar a acreditar", disse.

"Tem muita descrença", mas "quando as nossas estruturas começarem a chegar vai melhorar esta perceção e a vida de todo mundo", avaliou.

Sobre o aumento da violência em Pacaraima e no estado de Roraima, denunciado pelos moradores, o militar admitiu que há um aumento da sensação de insegurança, mas não há um registo de um aumento de crimes.

"Em segurança podemos trabalhar com a perceção e com os dados reais. Quando você vai trabalhar com números [notamos que] não há um incremento de notificações dos casos de violência. Porém, a percepção da população, claramente, é de que aumentou a violência. Ainda temos que trabalhar estas duas vertentes", concluiu.

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