Exxon Mobil pede a Trump que se mantenha no acordo climático de Paris

por RTP
A maior multinacional de petróleo e gás dos EUA, Exxon Mobil, escreveu ao Governo Federal norte-americano no passado dia 22 de março Carlos Barria - Reuters

A Exxon Mobil, maior petrolífera dos Estados Unidos, escreveu à Administração Trump, incitando-a a manter-se no acordo climático de Paris. A carta surgiu antes de o Presidente dos Estados Unidos ter assinado a Ordem Executiva da Independência Energética, que anula o Plano de Ação para o Clima lançado por Barack Obama.

A Ordem Executiva da Independência Energética, que foi assinada na terça-feira por Donald Trump, coloca em risco os compromissos assumidos pelos Estados Unidos com a assinatura do Acordo de Paris em dezembro de 2015, juntamente com outros 194 países.

A maior multinacional de petróleo e gás dos EUA, Exxon Mobil, escreveu ao Governo Federal norte-americano no passado dia 22 de março, alertando-o para os riscos atmosféricos futuros, caso o plano climatérico de Obama fosse anulado.

A carta dirigida a David Banks, assessor de Donald Trump para a energia internacional e o meio ambiente, argumenta que o Acordo de Paris é "um quadro eficaz para enfrentar os riscos das mudanças climáticas".

Apesar de o documento ter sido escrito na semana passada, só foi dado a conhecer na terça-feira pela agência de notícias AFP.



Peter Trelenberg, responsável pelas políticas de meio ambiente da Exxon Mobil, lembra que a empresa petrolífera "apoia o Acordo de Paris como um compromisso eficaz para responder aos riscos das mudanças climáticas".

A Administração Trump tem vindo a solicitar opiniões de várias empresas energéticas norte-americanas e revelou que a decisão sobre a participação em Paris ainda está "em discussão".
Os Argumentos da Exxon Mobil
A Exxon Mobil alega na sua carta que há várias razões para que os Estados Unidos permaneçam no acordo de Paris, incluindo a oportunidade de apoiar um maior uso do gás natural, o que cria emissões de dióxido de carbono menores do que o carvão, quando queimado para geração de energia.

Peter Trelenberg escreve ainda que “é prudente que os Estados Unidos continuem no Acordo de Paris para garantir condições de concorrência equitativas, de modo a que os mercados globais de energia permaneçam tão livres e competitivos quanto possível".

Acrescenta também que “os EUA estão bem posicionados para serem competitivos internacionalmente no contexto de Paris, graças às abundantes reservas de gás natural e às indústrias privadas inovadoras, incluindo os sectores de petróleo, gás e petroquímica".

Na carta, a Exxon argumenta ainda que o Acordo de Paris é superior ao Protocolo de Quioto de 1997, pois as economias emergentes, como a China e a Índia, fizeram promessas de reduzir as emissões ao lado dos países desenvolvidos.

Donald Trump, que prometeu "cancelar" o Acordo de Paris ao fim de 100 dias após a tomada de posse, já havia atirado que a ameaça do aquecimento global foi "criada por e para os chineses, para tornar a produção dos EUA não competitiva".



Já Scott Pruitt, o novo administrador da Agência de Proteção Ambiental, criticou em declarações à ABC News no passado fim-de-semana o Acordo, caracterizando-o como “um mau negócio”.

No entanto, outros membros da Administração, incluindo James Mattis, o secretário de Defesa, e Rex Tillerson, ex-executivo da Exxon que é agora secretário de Estado, têm sido conotados com a letra do Acordo.

Também o legislador republicano da Câmara dos Representantes pelo Dakota do Norte, que assessorou Trump nas questões energéticas, escreveu ao Presidente pedindo-lhe para manter os Estados Unidos vinculados ao texto de Paris, de forma a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa.
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