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Fiéis devem estar atentos após detenção de grupos suspeitos em Moçambique, defende líder religiosa

por Lusa

A secretária-geral do Conselho Cristão de Moçambique (CCM) defendeu hoje que os fiéis "devem estar atentos" face a grupos religiosos que fomentam violência ou que sejam suspeitos, como aconteceu na última semana em Tete, interior do país.

Os fiéis "devem estar atentos para travarem a infiltração de irmãos e irmãs espirituais que perseguem objetivos destrutivos", referiu Felicidade Xerindza, em entrevista à Lusa.

"Felizmente, em muitos casos, a vigilância resulta, porque a descoberta de seitas nocivas acontece através da denúncia de pessoas que são crentes", enfatizou.

Xerindza reagia a declarações do comandante-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Bernardino Rafael, que na última semana manifestou preocupação com o surgimento de seitas clandestinas no país.

O comandante-geral da PRM considerou "estranho" o surgimento de seitas religiosas que seguem a mesma conduta e pediu a colaboração das entidades religiosas como o CCM.

A polícia moçambicana deteve, no início do mês, 58 pessoas em dois grupos de uma seita religiosa cujos membros renunciaram aos seus bens nas aldeias para se juntarem em matas do interior centro do país, disse à Lusa fonte policial.

O caso ocorreu na província de Tete e as autoridades suspeitam de ligações a movimentos insurgentes, averiguando se há ligações com rebeldes de Cabo Delgado, acrescentou.

"Temos uma preocupação já antiga em relação a seitas que se colocam contra a autoridade do Estado e que são associadas a fontes de recrutamento de jovens por grupos violentos", disse Felicidade Xerindza.

A secretária-geral do CCM assinalou que a liberdade religiosa não deve ser usada por seitas para atividades ilegais e instigação ao ódio e intolerância.

"Temos de reforçar e pregar a mensagem de paz, amor e tolerância, tal como dizem as escrituras, e combater o ódio e a desunião", acrescentou.

A secretária-geral do CCM defendeu a disponibilidade das igrejas para o apoio às instituições do Estado na luta contra a violência armada e a promoção da paz.

"Como uma força viva e importante da sociedade, a religião do bem tem de estar presente em ações que promovem a concórdia", disse Xerindza.

As detenções deste mês em Tete chamaram a atenção das autoridades.

O primeiro grupo com 14 membros, todos homens adultos, foi intercetado em 07 de setembro numa viatura que viajava pelo interior do distrito de Tsangano.

O segundo grupo com 44 membros incluía 19 mulheres e 17 crianças e foi detido num acampamento numa mata densa no povoado de Chicachirue, na fronteira entre os distritos de Angónia e Tsangano, na fronteira com o Maláui, explicou Feliciano da Câmara, porta-voz do comando provincial da polícia em Tete.

Entre os membros estão quatro professores que lecionam nas escolas dos dois distritos.

Os restantes membros renunciaram aos seus empregos e bens para a realização de uma "suposta cerimónia religiosa".

A polícia está a tentar "identificar a seita religiosa e todos os contornos que os levaram a encontrarem-se naquele local, visto que levavam consigo alimentos e roupas, entre outros", explicou o porta-voz, adiantando que a operação de neutralização dos grupos partiu de uma denúncia.

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