Filho de Bolsonaro desiste de ser embaixador em Washington

por RTP
Eduardo Bolsonaro quer ficar no Brasil para "defender os princípios conservadores" Foto: Adriano Machado - Reuters

Eduardo Bolsonaro anunciou na terça-feira que não tentará obter o cargo de embaixador do Brasil nos Estados Unidos para que possa continuar a defender a agenda do Governo do seu país. Jair Bolsonaro tinha já admitido que a nomeação do filho estava a ser reconsiderada para “pacificar o partido” de ambos.

“Vou permanecer no Brasil para defender os princípios conservadores, para fazer do tsunami que foi a eleição de 2018 uma onda permanente” e “para afastar o perigo do socialismo”, declarou o filho do Presidente brasileiro.

“Foi uma decisão que eu estava pensando há muito tempo. A gente escuta conselho de muita gente. Além disso, tem a questão do meu eleitorado. Confesso, não era a maioria que eu estava apoiando ali”, confessou.

“Seria um papel a ser desempenhado, mas aqui no Brasil acho que tenho um papel tão importante quanto ou talvez mais” do que nos Estados Unidos, argumentou Eduardo Bolsonaro.


No mesmo dia, durante uma visita oficial ao Japão, Jair Bolsonaro disse preferir que o seu filho permaneça no Brasil para lidar com a crise interna no Partido Social Liberal (PSL), cuja liderança Eduardo Bolsonaro tem tentado conquistar.

"O Eduardo vai ter que decidir nos próximos dias, talvez antes de eu voltar ao Brasil, se ele quer ter seu nome submetido ao Senado para a embaixada ou não", declarou o Presidente brasileiro.

"No meu entender, ele fica lá, fica no Brasil. Fica no Brasil, (para) pacificar o partido dele", acrescentou.

O Presidente brasileiro avançou de seguida que o diplomata Nestor Forster, atual responsável pelos negócios do Brasil nos Estados Unidos, poderá vir a ser o nomeado para o cargo de embaixador em Washington.

Em agosto, Jair Bolsonaro disse que indicaria o filho para o cargo do embaixador do Brasil nos EUA, mas não formalizou a nomeação junto ao Senado, responsável por aprovar os embaixadores indicados pelo Governo.
Guerra interna no partido de Bolsonaro
O Partido Social Liberal de Jair Bolsonaro anunciou, na terça-feira, a abertura de um processo disciplinar contra 19 dos seus deputados, incluindo Eduardo Bolsonaro.

Os deputados, que o partido acusa de tentarem derrubar o líder do PSL na câmara caixa parlamentar, Waldir de Oliveira, para o substituir pelo filho de Bolsonaro, correm agora o risco de ser suspensos.

O processo surge depois de, na segunda-feira, Eduardo Bolsonaro ter conseguido reunir assinaturas de mais de metade dos membros do partido na câmara baixa e tornar-se líder do PSL.

O PSL é também alvo de investigações sobre candidaturas fantasma de mulheres nas anteriores eleições disputadas no país, com a liderança do partido a ser acusada de promover estas falsas candidaturas e desviar o dinheiro das campanhas femininas para outras finalidades.
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