França. Afinal, português contabilizado entre vítimas mortais está vivo

por RTP
Regis Duvignau - Reuters

O secretário de Estado das Comunidades esclareceu esta sexta-feira que o português dado como morto no atentado terrorista em França afinal está vivo e hospitalizado em estado grave. José Luís Carneiro esclarece que se tratou de uma informação errada transmitida pelas autoridades francesas.

"Devido a erros na comunicação entre as entidades envolvidas na gestão da crise no local onde ocorreu o atentado, inicialmente foi transmitida à Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas e à Embaixada em Paris a informação da existência de uma vítima mortal", esclarece o secretário de Estado das Comunidades em resposta à RTP.

Ao final da tarde, fora o próprio secretário de Estado das Comunidades a confirmar a morte de um português no atentado desta sexta-feira em Carcassonne e Trèbes, onde morreram três pessoas e 16 ficaram feridas.

"Depois da realização de diligências junto de várias entidades, tendo em vista a certificação da identidade da vítima, verifica-se apenas haver registo de um cidadão português gravemente ferido e hospitalizado em Perpignan", acrescenta José Luís Carneiro na resposta à televisão pública.

"Já falamos com a família do cidadão e deslocar-me-ei na manhã de sábado ao hospital, para me encontrar com a família e com as autoridades locais. À família será prestado todo o apoio consular por parte do Estado Português", assegurou o governante. José Luís Carneiro lamentou ainda "o transtorno causado pela incorreção na informação prestada".

Ao início da tarde de sexta-feira, foi noticiado que um português se encontrava em "estado grave". O homem de 27 anos seria um dos dois ocupantes da viatura que foi roubada em Carcassonne.
Ataque em três tempos
Em conferência de imprensa esta sexta-feira, François Molins, procurador de Paris que lidera a investigação a este ataque, esclarece que uma pessoa próxima do atacante foi detida e que as autoridades continuam à procura de cúmplices deste ataque.

Trata-se de uma mulher que "compartilhou a sua vida" com Radouane Ladkim, que foi levada sob custódia por associação criminosa "ligada a uma célula terrorista criminosa", esclareceu o procurador-geral.

No ataque desta sexta-feira, o homem começou por roubar um automóvel em Carcassonne, disparando sobre os dois ocupantes, onde estaria o português internado em estado grave. Seguiu depois em direção a Trèbes e pelo caminho atirou sobre um grupo de quatro polícias, tendo um deles ficado ferido.

Já em Trèbes, sequestrou vários trabalhadores e clientes de um supermercado da cadeia Super U. Segundo o procurador-geral François Molins, encontravam-se cerca de 50 pessoas dentro da superfície comercial.

Durante o sequestro, Lakdim exigiu a libertação de Salah Abdeslam, responsável pelos atentados ocorridos em Paris em novembro de 2015. Disparou sobre alguns clientes e funcionários, tendo um deles morrido logo no local.

Ao início da tarde, o autoproclamado Estado Islâmico reivindicou o ataque. Em comunicado, o grupo jihadista refere que o atentado foi desencadeado por um “soldado do califado”, sem explicitar mais detalhes.

François Molins confirmou que o atacante gritou "Allahu Akbar" (Alá é grande) e que se apresentou como um "soldado" do Estado Islâmico.

O sequestrador acabou por ser abatido pela polícia e identificado pelas autoridades como Redouane Lakdim, um franco-marroquino de 26 anos que era conhecido pela polícia por atos de pequena delinquência. Em 2011, foi condenado pelo Tribunal de Carcassonne a um mês de prisão com pena suspensa por porte de armas e em 2015 foi condenado a um mês de prisão efetiva por uso de estupfacientes.

Em 2016 e 2017, Redouane Lakdim foi vigiado pelas autoridades francesas e não houve na altura quaisquer sinais de radicalização.
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