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França felicita-se com abertura de negociações entre Bangui e milícias

por Lusa

A França "felicitou-se" com a abertura de negociações entre o Governo da República Centro-Africana (RCA) e grupos armados, que começam hoje em Cartum sob a égide da União Africana, esperando a "assinatura rápida de um acordo de paz".

Esta posição francesa contrasta com as críticas de Paris a um processo paralelo, que tinha sido lançado por Moscovo.

"Apelamos a todas as partes para que participem com um espírito de paz e consenso e considerem a exigência de justiça, de inclusão e de reconciliação, tais como expressas pelos centro-africanos no quadro do fórum de Bangui, de maio de 2015", realçou um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

"Desejamos que estas negociações sejam um passo decisivo para a assinatura rápida de um acordo de paz, que garanta a integridade territorial e a soberania da República Centro-Africana", acrescentou.

Este acordo deve permitir também "a restauração da autoridade do Estado no conjunto do território e garantir o desarmamento, a desmobilização e a reinserção dos combatentes dos grupos armados", sublinhou o Quai d`Orsay.

Neste país, em guerra desde 2013, já foram assinados sete acordos de paz em cinco anos, sem que nenhum conseguisse o seu objetivo.

O diálogo que agora vai começar, preparado desde julho de 2017 pela União Africana e apoiado pelos principais parceiros de Bangui, quer-se mais ambicioso que os anteriores: à mesa das negociações vão reunir-se os principais chefes dos grupos armados e uma importante delegação governamental.

O Sudão, aliado da Federação Russa, cada vez mais influente da RCA, já tinha acolhido uma tentativa de mediação paralela, no final de agosto, que os principais parceiros de Bangui tinham condenado.

A França tem insistido que o diálogo deve ser feito sob a égide da União Africana, e não da Federação Russa. Em alusão a Moscovo, os dirigentes franceses denunciaram "iniciativas oportunistas" na RCA e "ambições escondidas" relativas ao continente africano.

A RCA caiu no caos e na violência em 2013, depois do derrube do ex-Presidente François Bozizé por vários grupos juntos na designada Séléka (que significa coligação na língua franca local), o que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas sob a designação anti-Balaka.

O conflito neste país, com o tamanho da França e uma população que é menos de metade da portuguesa (4,6 milhões), já provocou 700 mil deslocados e 570 mil refugiados, e colocou 2,5 milhões de pessoas a necessitarem de ajuda humanitária.

O governo do Presidente Faustin-Archange Touadéra, um antigo primeiro-ministro que venceu as presidenciais de 2016, controla cerca de um quinto do território.

O resto é dividido por mais de 15 milícias que, na sua maioria, procuram obter dinheiro através de raptos, extorsão, bloqueio de vias de comunicação, recursos minerais (diamantes e ouro, entre outros), roubo de gado e abate de elefantes para venda de marfim.

Portugal está presente na RCA desde o início de 2017, no quadro da Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização na República Centro-Africana (MINUSCA).

No início de setembro, o major-general do Exército Marco Serronha assumiu o cargo de 2.º comandante da MINUSCA, que já sofreu 75 mortos desde que foi criada, em 2014.

Aquela que já é a 4.ª Força Nacional Destacada Conjunta no país é composta por 180 militares (177 do Exército e três da Força Aérea) e iniciou a missão em 05 de setembro. Outros seis militares do Exército português integram o comando da missão das Nações Unidas.

Portugal também integra e lidera a Missão Europeia de Treino Militar-República Centro-Africana (EUMT-RCA), comandada pelo brigadeiro-general Hermínio Teodoro Maio.

Na EUTM-RCA, que está empenhada na reconstrução das forças armadas do país, Portugal participa com um total de 53 militares (36 do Exército, nove da Força Aérea, cinco da Marinha e três militares brasileiros).

 

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