Funcionários da DEA detiveram ex-militar venezuelano na Colômbia

por Lusa

Caracas, 28 mar 2020 (Lusa) -- Funcionários da Direção de Controlo Antidrogas (DEA, sigla em inglês) dos Estados Unidos, detiveram, sexta-feira, na cidade de Barranquilla, Colômbia, o general reformado do Exército venezuelano Cliver Alcalá Cordones, acusado de narcotráfico pelas autoridades norte-americanas.

Segundo o diário colombiano El Tiempo, Clíver Alcalá Cordones, apresentou-se voluntariamente perante os agentes da Direção Nacional de Inteligência (serviços de informação) da Colômbia, para ser entregue às autoridades norte-americanas que quinta-feira o acusaram de fazer parte de uma rede de narcotráfico com vários políticos e militares venezuelanos.

O Departamento de Justiça (DJ) dos Estados Unidos pediu 10 milhões de dólares (9,11 milhões de euros) a quem desse informações que levasse à sua detenção.

Cordones, que colaborou com o falecido líder socialista Hugo Chávez (presidiu o país entre 1999 e 2013) no falhado golpe de Estado de fevereiro de 1992, ocupou vários cargos militares na Venezuela, passando depois a criticar o regime do Presidente Nicolás Maduro, o que o levou a ter que deixar o país e radicar-se na Colômbia desde 2018.

Acusado pela oposição de ser um "duplo agente" (da oposição e do regime), disse, recentemente, estar a ser vítima de uma campanha de descrédito promovida pelo Governo venezuelano.

O Ministério Público da Venezuela anunciou sexta-feira que pediu à Colômbia que procedesse à sua detenção e extradição, um dia depois de o procurador-geral venezuelano, Tarek William Saab abrir uma investigação contra si e contra o líder da oposição, Juan Guaidó, por alegadamente estarem a preparar um golpe de Estado contra Nicolás Maduro.

 Entre as provas divulgadas pelo procurador-geral venezuelano está uma notícia da rádio colombiana WRádio, na qual o antigo militar afirmou que um carregamento de armas confiscado recentemente pelas autoridades da Colômbia, tinha como propósito uma operação contra o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.

Sem oferecer provas, Cliver Alcalá Cordones disse ter sido contratado pelo líder opositor Juan Guaidó e assessores norte-americanos, para comprar armas para uma intervenção que afastaria Nicolás Maduro do poder.

Caracas acusa a Colômbia de ter oferecido o seu território e apoiado a conspiração, apesar de que, na entrevista, o ex-militar afirma que as autoridades colombianas não tinham conhecimento.

O Departamento de Justiça (DJ) dos Estados Unidos acusou, quinta-feira, o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e 13 pessoas do seu círculo de narcoterrorismo, anunciou a administração norte-americana.

Segundo o Departamento de Justiça norte-americano, Maduro e os restantes arguidos são acusados de conspirar com rebeldes colombianos para "inundar os Estados Unidos de cocaína".

Entretanto os EUA anunciaram recompensas económicas para quem dê informações que levem à detenção de Nicolás Maduro, do presidente da Assembleia Constituinte, Diosdado Cabello, do presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Maikel Moreno, do ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, do ex-vice-presidente da Venezuela, Tareck El Aissami, entre outros.

A crise política, económica e social na Venezuela agravou-se desde janeiro de 2019, quando o presidente do parlamento, o opositor Juan Guaidó, jurou publicamente assumir as funções de presidente interino do país, até afastar Nicolás Maduro do poder, convocar um governo de transição e eleições livres e democráticas no país.

Juan Guaidó conta com o apoio de mais de 50 países, entre eles os Estados Unidos e também Portugal, uma decisão tomada no âmbito da União Europeia.

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