Fundação quer "tirar dos gabinetes" celebração do centenário de nascimento de Amílcar Cabral

por Lusa

O presidente da Fundação Amílcar Cabral, Pedro Pires, manifestou hoje a vontade de "tirar dos gabinetes" as atividades de celebração do centenário do nascimento do seu patrono, para envolver as câmaras municipais e toda a sociedade.

À saída de um encontro com o Presidente da República de Cabo Verde, José Maria Neves, o segundo em pouco mais de um mês, Pedro Pires começou por sublinhar que o centenário do nascimento de Cabral, com o seu ponto alto em 12 de setembro de 2024, é uma "questão abrangente" e que tem um "âmbito nacional".

"O centenário não é uma atividade exclusiva da Fundação Amílcar Cabral (FAC). A fundação como tem Amílcar Cabral como seu patrono tem essa responsabilidade de falar disso, expor as ideias, chamar a atenção, e é o que temos estado a fazer", indicou o antigo Presidente da República de Cabo Verde (1991 -- 2001).

Pedro Pires lembrou que a FAC já realizou algumas atividades, com destaque para um seminário internacional em dezembro sobre o legado teórico de Amílcar Cabral, mas também a publicação de uma revista, em colaboração com a Academia Cabo-verdiana de Letras.

E adiantou que o próximo passo no âmbito das atividades é a realização ainda no primeiro semestre deste ano de uma exposição internacional sobre a figura de Amílcar Cabral.

"Depois virá o resto. Não temos ainda um projeto acabado, mas eu queria insistir, não é um assunto de exclusiva responsabilidade da FAC, penso que tem um âmbito nacional, caberá as autoridades nacionais também tratar essa questão", desafiou.

Por outro lado, o presidente disse que a fundação tem tentado "tirar dos gabinetes" a ideia do centenário do nascimento de Cabral, envolvendo, por exemplo, as câmaras municipais e a sociedade de uma forma geral.

Até este momento, Pedro Pires referiu que a fundação ainda não debateu a questão do centenário do nascimento de Amílcar Cabral com a Guiné-Bissau, país onde o líder histórico nasceu, viveu e lutou para a independência dos dois países.

Revelou que a fundação esteve sim a trabalhar com a Guiné-Bissau sobre a candidatura dos escritos de Amílcar Cabral ao programa da UNESCO "Memória do Mundo", que será entregue ainda durante este ano.

"Isso sim falamos, escrevemos", garantiu Pires, explicando que a intervenção da FAC tem limites, por ser uma instituição privada da sociedade civil, e evita passar a ideia que é a única instituição envolvida nas atividades do centenário do nascimento do seu patrono.

"É uma questão nacional, do Estado de Cabo Verde. Posso falar de Cabo Verde porque tenho informações sobre isso, mas eu não posso dos outros, não tendo informações", insistiu, dizendo que as comemorações ainda estão em fase de elaboração.

A celebração terá o seu ponto alto em 12 de setembro de 2024, dia em que se fosse vivo Amílcar Cabral completaria 100 anos.

A fundação tem como missão a preservação da obra e memória do seu patrono, que foi assassinado em 20 de janeiro de 1973, em Conacri.

Cabral foi fundador do então Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e líder dos movimentos independentistas nos dois países.

Pedro Pires revelou que abordou ainda com o chefe de Estado a possibilidade de realizar alguma atividade por ocasião do centenário do nascimento de Aristides Pereira, o primeiro Presidente da República de Cabo Verde (1975 -- 1991), e que nasceu em 13 de novembro de 1923.

RIPE // PJA

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