Em direto
Portugal comemora 50 anos da Revolução dos Cravos. Acompanhe ao minuto

G7 e gigantes da internet de acordo para bloquear "terroristas"

por Graça Andrade Ramos - RTP
O brasileiro Tiago Amorim fotografado em Nova iorque com os óculos Google em setembro de 2014 Adrees Latif - Reuters

Aconteceu em Itália, na ilha de Ischia, ao largo de Nápoles. Pela primeira vez, representantes das sete maiores economias do mundo e dos principais operadores de redes sociais e fornecedores de serviços na internet reuniram-se na mesma sala.

A Microsoft, a Google, o Facebook ou ainda o Twitter e os ministros responsáveis pela Administração Interna dos países do G7 - Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido - acabaram por sair com um plano de ação para bloquear "conteúdos de caracter terrorista".

O acordo prevê que conteúdos que façam a apologia do terrorismo ou que apelem à realização de atos terroristas, "sejam suprimidos nas duas horas seguintes após a sua publicação", explicou à Agência France Presse o ministro francês do interior, Gérard Collomb.

Uma declaração comum dos ministros francês, britânico e italiano, à margem da Assembleia Geral da ONU já tinha "ido neste sentido e foi com isso que os grandes atores da internet se comprometeram", acrescentou.
Internet, "fator de insegurança"
O ministro italiano da Administração Interna, Marco Minniti, felicitou-se pelos resultados obtidos: "o encontro com os operadores foi mais do que satisfatório".

Minniti lembrou que a internet se revelou "um importante meio de recrutamento, de treino e de radicalização de combatentes estrangeiros" e que a luta contra o terrorismo computadorizado é demasiado importante numa altura em que o grupo islamita Estado Islâmico "já não dispõe de território".

A queda de Raqqa, bastião do grupo na Síria, "é uma derrota militar muito dura mas isso não significa que este grupo já não exista", sublinhou Minniti, lamentando que o grupo se mova na internet "como um peixe na água".

A reunião do G7 começou sexta-feira de manhã com uma troca de pontos de vista ligados à ameaça representada pelos combatentes estrangeiros em fuga depois da queda de vários dos bastiões jiadistas no Iraque e na Síria.

As estimativas mundiais apontam para a presença de 25.000 a 35.000 combatentes estrangeiros nas fileiras dos grupos terroristas naqueles países, cinco mil dos quais vindos da Europa. Formam um contingente treinado suscetível de se disseminar por todo o planeta, alertam os principais serviços de informação.

O debate da manhã centrou-se precisamente na forma de impedir estes combatentes de regressarem aos seus países de origem agora que Raqqa caiu, explicou Marco Minniti.

"Decidimos recolher juntos as informações e partilha-las", acrescentou, referindo que a cidade, agora libertada, se deverá tornar "uma mina de informações".

"É claro que as impressoras e os documentos que vão ser ali encontrados poderão ajudar-nos a conhecer melhor o adversário e a identificar aqueles que, vindos do estrangeiros, se colocaram nas fileiras do Daesh", explicou, usando um acrónimo do grupo derivado da sua designaçao na língua árabe.

Um aspeto da reunião dos ministros responsáveis pela Administração Interna do G7 com representantes das redes sociias e fornecedores de serviços de internet, sexta-feira dia 20 de outubro de 2017 em Itália Foto: Reuters
Partilha de dados
A Itália é o principal ponto de entrada de milhares de migrantes oriundos do norte de África e do Médio Oriente, a maioria através de barcos vindos da Líbia.

Minniti tinha advertido os seus pares para a possibilidade dos combatentes do grupo Estado Islâmico tentarem reentrar na Europa usando esta via.À margem desta reunião, os Estados Unidos e a Itália assinaram um acordo para partilhar as suas bases de dados de impressões digitais, para filtrar os extremistas que se fazem passar por requerentes de asilo.

De acordo com fontes diplomáticas, a França, o Reino Unido e a Itália conseguiram, "ao fim de duas horas de negociações obter o acordo dos Estados Unidos quanto ao texto" final.

Elaine Duke, secretaria americana da Segurança interinamente, lembrava "a Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos, que faz da liberdade de expressão, qualquer que seja o seu conteúdo, algo de fundamental", explicou Collomb.

"Do nosso lado sustentamos que a internet já não era um vetor de liberdade mas um fator primário de insegurança com milhares de mortos em todo o mundo", acrescentou.

Os líderes do G/ deram a entender que a Interpol, a organização internacional de combate ao crime, que detém informações sobre mais de 40.000 combatentes estrangeiros, iria desempenhar um importante papel na partilha de informações.

O secretário geral da Interpol, Juergen Stock, declarou por seu lado que a base de dados da organização iria servir de "sistema de alerta precoce" contra a ameaça terrorista e que iria contribuir a "fechar potenciais escapatórias" dos terroristas.
pub