Golpe de Estado. Primeiro-ministro do Sudão regressou a casa após ter sido detido

por RTP
Mohammed Abu Obaid - EPA

O primeiro-ministro deposto do Sudão e a sua esposa regressaram a casa na terça-feira à noite, um dia depois de terem sido detidos pelos militares que encetaram um Golpe de Estado e tomaram o poder do país.

“O primeiro-ministro, Abdallah Hamdok, foi escoltado para casa” em Cartum e foram “tomadas medidas de segurança no perímetro da sua residência”, disse a fonte sob a condição de anonimato à agência de notícias AFP, recusando-se a especificar se o governante ficará em prisão domiciliária.

Na segunda-feira, os militares detiveram grande parte dos membros do Governo sudanês, incluindo o primeiro-ministro Abdallah Hamdok, que foi transferido para um "local desconhecido" depois de se ter recusado a emitir uma declaração de apoio ao golpe de Estado.

O comunicado do gabinete de Hamdok dá conta de que outros funcionários do Governo continuam detidos, com localização desconhecida.

O presidente do Conselho Soberano, Abdel Fattah al-Burhan, que tomou o poder na segunda-feira, advertiu que esses funcionários do Governo que continuam detidos podem ser julgados por “incitarem à rebelião”.

Na terça-feira, manifestantes pró-democracia bloquearam estradas da capital do Sudão com barricadas improvisadas e queima de pneus. Os protestos mantêm-se nas ruas do Sudão e quatro manifestantes morreram esta quarta-feira na sequência de disparos da polícia, em Cartum. No total, pelo menos dez pessoas morreram nos protestos desde segunda-feira.

As forças de segurança desmantelaram algumas barricadas e, segundo os repórteres da France Presse, estão a prender manifestantes que se opõem ao golpe de Estado. Há relatos de que as forças de segurança prenderam três ativistas pró-democracia.

A ordem de libertação do primeiro-ministro sudanês seguiu-se à forte condenação internacional do Golpe de Estado e aos apelos à libertação de todos os funcionários do Governo que foram detidos quando o general Abdel-Fattah Burhan tomou o poder na segunda-feira.

Os EUA, o Reino Unido e a Noruega descreveram o golpe de Estado como uma "traição à revolução, à transição e ao pedidos legítimos do povo sudanês por paz, justiça e desenvolvimento económico”.

Já esta quarta-feira, os Estados-membros do Conselho de Segurança da ONU demonstraram falta de consenso antes de iniciarem uma reunião de emergência para discutir a situação no Sudão.

À entrada da reunião, os representantes dos países ocidentais – principalmente os EUA e Reino Unido – concordaram em condenar o golpe militar sem hesitação e exigir a libertação imediata do primeiro-ministro, Abdullah Hamdok, e dos outros detidos.

No entanto, o embaixador russo na ONU quis demarcar-se desde o início, negando-se a considerar que ocorreu um “golpe de Estado” e pediu “o fim da violência de ambos os lados”, insistindo que também os manifestantes contra o golpe haviam perpetrado atos de violência.

c/agências
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