Gomes Cravinho: "Não podemos sucumbir às tentativas de intimidação por parte da Rússia"

por RTP

Foto: Jose Luis Magana - Reuters

O ministro português dos Negócios Estrangeiros esteve reunido com os homólogos norte-americano, Antony Blinken, e ucraniano, Dmytro Kuleba, à margem da Assembleia-Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque. "Foi um momento em que pudemos coletivamente debruçar-nos sobre os últimos desenvolvimentos por parte da Rússia", avançou à RTP.

“Há uma determinação coletiva” e uma ideia generalizada de que “não podemos sucumbir às tentativas de intimidação por parte da Rússia”, explicou João Gomes Cravinho no último dia de trabalhos antes de regressar a Lisboa.

“Pelo contrário; aquilo que temos de fazer enquanto NATO é encerrar fileiras, continuar a dar apoio aos Estados que têm fronteira com a Rússia e, por outro lado, acentuar mais as nossas sanções inevitavelmente, face a esta fuga para a frente de Putin”.

Questionado sobre se, perante a mobilização parcial de tropas russas, será necessário reorganizar a estratégia da NATO nos territórios vizinhos e se Portugal está disposto a aumentar o contingente militar, Gomes Cravinho respondeu que, para já, não haverá essa necessidade.

“Pode ser que daqui a seis ou oito meses se chegue a outra conclusão mas, para já, não acreditamos que esta medida [de Putin] tenha grande eficácia militar”, afirmou.

Sobre os referendos que deverão começar esta sexta-feira em territórios ucranianos ocupados pela Rússia, o MNE português classificou-os de “completamente ilegais” e “uma nova forma de agressão”, garantindo que “não serão reconhecidos por ninguém”.

“A Rússia já levou a cabo este tipo de estratégia em outros contextos, nomeadamente na Geórgia, mas não haverá nenhum tipo de reconhecimento internacional”, assegurou o ministro.

João Gomes Cravinho esteve também reunido com o homólogo chinês, a quem transmitiu que, embora possam ter ideia diferentes sobre a natureza da guerra, “era fundamental que a China usasse a sua influência para explicar ao presidente Putin que a retórica sobre a utilização de armas de destruição maciça é uma retórica absolutamente inaceitável, descabida”.
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