Em direto
Portugal comemora 50 anos da Revolução dos Cravos. Acompanhe ao minuto

Governo de May e União Europeia anunciam preparativos para Brexit sem acordo

por Raquel Ramalho Lopes - RTP
Yves Herman - Reuters

A Comissão Europeia anunciou 14 medidas para diferentes setores, incluindo serviços financeiros, transportes aéreos e alfândegas, que visam atenuar “danos mais profundos” resultantes de uma saída do Reino Unido sem entendimento. O ministro britânico do Interior anunciou as propostas para imigração, sem referir um número mínimo para a redução de imigrantes.

“Dada a incerteza contínua no Reino Unido em torno da ratificação do Acordo de Saída”, a Comissão Europeia anunciou a implementação do Plano de Contingência para uma saída sem acordo.

A Comissão Europeia publicou um documento com 14 medidas temporárias, a serem adotadas unilateralmente pela União Europeia, que visam “um número limitado de sectores para os quais a falta de acordo constituiria uma grande perturbação para os cidadãos e empresas na UE27", nas palavras da Comissão.

Uma das propostas visa o aspeto mais criticado pelos deputados britânicos – o mecanismo de salvaguarda de uma fronteira física na ilha da Irlanda.

Nesse âmbito, a “Comissão reitera o seu compromisso para garantir a continuidade, em todos os cenários, de todos programas em vigor entre as regiões vizinhas da Irlanda e da Irlanda do Norte, tendo em conta a especial importância da cooperação regional” naquela área.

Ainda de acordo com as diretivas de Bruxelas, os serviços financeiros estabelecidos no Reino Unido vão continuar, pelo período de 12 meses, a poder prestar serviços na União Europeia.

No que respeita ao tráfego aéreo, a Comissão Europeia quer assegurar serviços mínimos, de modo a evitar a interrupção total de voos. Nesse sentido, propõe-se autorizar o sobrevoo e a aterragem de aviões britânicos, para efeitos de transporte de passageiros e mercadorias, desde que o Reino Unido conceda condições equivalentes às transportadoras europeias.

Será ainda proposto o prolongamento, por nove meses, das autorizações de segurança em vigor.

Admitindo que o setor dos transportes seria “fortemente restringido e limitado a um sistema internacional de quotas” caso o Acordo de Saída seja rejeitado por Westminster, a Comissão Europeia decidiu “permitir temporariamente, por nove meses, o acesso de operadores de transporte rodoviário licenciados no Reino Unido ao transporte de mercadorias por estrada”.

O documento refere ainda em “toda a legislação relativa à importação e exportação de bens se aplicará conforme o Acordo de Saída”, mesmo se este não for ratificado pelo Parlamento britânico.
Londres faz propostas para a imigração
O Governo britânico publicou esta quarta-feira as suas propostas sobre o sistema de imigração a implementar na sequência do Brexit.

O ministro do Interior considera que as novas políticas vêm responder ao desejo dos britânicos em "recuperar o controlo das fronteiras".

O novo sistema aplicar-se-á tanto a trabalhadores dos 27 Estados-membros da União Europeia como a países extra-comunitários. Ao abrigo das novas regras, os trabalhadores pouco qualificados dos países europeus vão deixar de ter autorização automática para trabalhar no Reino Unido após o Brexit.

"Será um sistema único de imigração, baseado nas competências e conhecimentos que as pessoas podem trazer, em vez do seu país de origem", disse Sajid Javid à BBC, antes da apresentação do documento.

Sem referir números limite para a redução dos imigrantes, o ministro afirmou que “o objetivo é fazer descer a migração líquida para níveis mais sustentados”. No entanto, o programa do Partido Conservador define a redução para menos de 100 mil pessoas por ano, em comparação com as 280 mil de 2017.
Um porta-voz de Theresa May também afirmou que as conversações para obter de Bruxelas as eventuais garantias sobre o mecanismo de salvaguarda começaram na semana passada e estão em curso.
No Parlamento, a primeira-ministra admitiu que o Governo estava a tentar aderir reduzir a migração líquida para "dezenas de milhares".

Os novos critérios para a emissão de vistos terão o objetivo de incentivar as empresas britânicas "voltarem-se prioritariamente para a força de trabalho nacional", disse Sajid Javid, da BBC.

Considerado pelo ministro a maior mudança nas regras de imigração britânicas em 40 anos, o novo sistema será implementado "por fases" a partir de 2021, depois do período de transição do Brexit previsto no acordo entre Londres e Bruxelas, mas que ainda não foi ratificado pelo Parlamento do Reino Unido.

pub