A primeira-ministra e líder do Partido Nacional Escocês, Nicola Sturgeon, defendeu esta terça-feira que a Escócia deve realizar um referendo sobre a independência já em 2020 e garantiu que o país irá em breve requerer os poderes necessários para o fazer legalmente.
Para a líder do Partido Nacional Escocês, a independência ofereceria à Escócia a oportunidade de “ser uma ponte entre a União Europeia e o Reino Unido”, tornando o país “um íman para o investimento global”.Quando, em 2016, o Reino Unido votou maioritariamente a favor da saída da UE, a Escócia votou para ficar.
“A Escócia é rica o suficiente, forte o suficiente e grande o suficiente para que possa ocupar o seu lugar entre as nações orgulhosas e independentes do mundo”, defendeu, durante uma conferência do Partido Nacional Escocês.
Nicola Sturgeon disse estar “farta do Brexit” e defendeu que o Reino Unido possui um sistema político falhado que impõe políticas à Escócia contra a sua vontade.
Para que um referendo possa ser levado a cabo de forma legal, a Escócia precisa da permissão do Governo britânico, algo que poderá ser difícil de alcançar uma vez que Boris Johnson acredita que seria “totalmente errado” realizar outro referendo.
Referendo de 2014
O povo escocês rejeitou a independência num referendo em 2014, mas o Partido Nacional Escocês alega agora que a decisão do Reino Unido de abandonar a União Europeia leva a que a questão da independência seja revisitada.
Em 2014 a margem de derrota foi curta, com 55,30 por cento a votarem contra a independência e 44,70 por cento a favor. Na altura, o governo escocês não obteve apoio por parte da União Europeia, que fez questão de frisar que uma posterior adesão da Escócia à UE seria um processo difícil e demorado.
Atualmente o cenário é bastante diferente, com a maioria das capitais europeias a considerar que, caso um referendo na Escócia seja legal e constitucionalmente válido, o país poderá obter a independência e depois iniciar o processo de adesão à UE.
Críticas a Johnson e Trump
Nicola Sturgeon atacou ainda “os chamados líderes fortes” como Boris Johnson e Donald Trump e apelou aos membros do partido que façam frente ao populismo.
“Aqui no Reino Unido temos um primeiro-ministro que atuou contra a lei e que não demonstrou preocupar-se com as consequências humanas da sua desastrosa política do Brexit. Do outro lado do Atlântico, o atual líder da Casa Branca permitiu casualmente que uma guerra no Médio Oriente fosse reacendida”, constatou.
“Aquilo que líderes como Boris Johnson e Donald Trump têm em comum é o seguinte: a crença de que nada deve impedir os seus próprios interesses”, acrescentou Sturgeon. “Nem factos ou provas, nem a lei, nem a democracia. Em alguns casos, nem os direitos humanos básicos”.