Coronavírus. Governo reforça apoio a portugueses em Wuhan e admite retirá-los

por Carlos Santos Neves - RTP
“Estamos em contacto com os cidadãos e a cooperar com outros países europeus para procurar reforçar o apoio aos compatriotas portugueses retidos”, afirma a Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas Yuan Zheng - EPA

O Governo afiança estar a cooperar com outros países europeus no sentido do reforço do apoio a cidadãos nacionais retidos em Wuhan, a cidade chinesa onde foram detetados os primeiros casos do novo coronavírus. A Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas não exclui retirar os portugueses daquela região.

“Estamos em contacto com os cidadãos e a cooperar com outros países europeus para procurar reforçar o apoio aos compatriotas portugueses retidos”, adiantou fonte do gabinete da secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, Berta Nunes, citada pela agência Lusa.

Um dos cenários em cima da mesa, de acordo com a mesma fonte, passaria por retirar os cidadãos portugueses da cidade epicentro daepidemia: “Se isso for viável à luz das regras de saúde pública”.Os Estados Unidos preparam-se para enviar um voo charter já este domingo para a região de Wuhan, com a missão de retirar cidadãos norte-americanos, incluindo pessoal diplomático.


A embaixada portuguesa tem vindo a contactar portugueses. Em Wuhan foram identificados 20 cidadãos, entre residentes ou de visita à cidade. Deste grupo, adiantou o Governo, “14 pessoas estavam já registadas como residentes em Wuhan junto da embaixada de Portugal em Pequim”.

A representação diplomática de Portugal na China remete “para as recomendações formuladas no Portal das Comunidades Portuguesas”. Ali, as autoridades aconselham os viajantes a reconsiderarem “a realização de deslocações não essenciais” ao país asiático.

“Em geral, os viajantes devem permanecer atentos ao constante evoluir da situação, bem como às informações divulgadas nos portais da Direção-Geral da Saúde, do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) e da Organização Mundial da Saúde”, lê-se no mesmo texto.

É também aconselhado o registo de deslocações na aplicação Registo Viajante.

Ainda segundo a Secretaria de Estado das Comunidades, a embaixada lusa em Pequim assegura “a monitorização atenta de todos os desenvolvimentos, através do diálogo com as autoridades governamentais chinesas, com a delegação da União Europeia na China e com as embaixadas de outros países, tendo também participado em reuniões com representantes da Organização Mundial de Saúde na China”.

No quadro da resposta à propagação do vírus 2019-nCoV, a ação do Ministério português dos Negócios Estrangeiros na China é coordenada pela embaixada em Pequim, “em articulação com outras representações consulares portuguesas no país (Macau, Xangai e Cantão) e com a Direção-Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas, em Lisboa”.
O ponto “mais crítico”
Os primeiros casos do novo coronavírus foram diagnosticados em dezembro na cidade de Wuhan, capital da província de Hubei, no centro da China; os sintomas são mais intensos do que uma gripe, incluindo febre, dor, mal-estar geral e dificuldades respiratórias, ou falta de ar.O coronavírus já matou 41 pessoas em solo chinês e infetou mais de 1300 em vários países.


Foram ainda confirmados casos de infeção pelo 2019-nCoV em Macau, Tailândia, Taiwan, Hong Kong, Coreia do Sul, Japão, Estados Unidos, Malásia, França e Austrália.

Na última semana, as autoridades chinesas proibiram as entradas e saídas de Wuhan e várias cidades na região, medidas restritivas que abrangeram mais de 50 milhões de chineses. Já este sábado ordenaram que só os veículos de emergência podem circular na cidade epicentro.

Entretanto, o Governo de Pequim decidiu suspender as viagens organizadas na China e ao exterior. A partir de segunda-feira, as agências de viagens chinesas deixarão de poder vender reservas de hotéis ou viagens em grupo, noticiou a estação televisiva CCTV.

As autoridades do colosso asiático entendem que o país se debate agora com o ponto "mais crítico" em matéria de prevenção e controlo do vírus. Há um total de 13 cidades em quarentena.

c/ agências

pub