Grécia cria centros de detenção para migrantes

por RTP
Alkis Konstantinidis, Reuters

A intenção de a Grécia criar, com urgência, centros de detenção advém das manifestações em torno da sobrelotação e das más condições dos atuais campos. As ilhas periféricas do Mar Egeu são as áreas escolhidas para os alojamentos.

Esta segunda-feira, as autoridades gregas garantiram que pretendem adquirir terras nas ilhas de Lesbos, Chios e Samos e assim prosseguir com a criação dos centros.

Muitos são os migrantes que se refugiam nas ilhas enquanto esperam uma aprovação dos pedidos de asilo.
Onda de descontentamento
O crescente aumento da chegada à Grécia de milhares de migrantes está a criar no país um clima de tensão e revolta. O fluxo leva a que as más condições se agravem cada vez mais.

O relatório apresentado pela comissária para os Direitos Humanos do Conselho da Europa, Dunja Mijatovic, refere que a “situação é explosiva”, e que “há uma desesperada falta de cuidados médicos e serviços sanitários nos campos sobrelotados que visitei. As pessoas são sujeitas a grandes filas para poderem receber alimentos ou ir à casa de banho”.

Por outo lado, os próprios residentes também demonstram estar incomodados com a situação e exigem a transferência de milhares de migrantes para o continente.

As manifestações ocorridas na ilha de Lesbo, na semana passada, são o resultado deste descontentamento. Centenas de habitantes e funcionários públicos da ilha aderiram aos protestos defendendo o lema “queremos recuperar as nossas ilhas”.
Substituição de campos por centros
Face aos protestos ocorridos na ilha de Lesbos, o porta-voz do governo Stelios Petsas revelou que "o governo decidiu fechar as instalações anárquicas de hoje e criar instalações controladas e fechadas".

A decisão de substituir os campos de refugiados por centros de detenção tem por base a situação atual em que se encontram estes espaços. Com uma capacidade máxima de 6.300 pessoas, estas zonas estão a albergar cerca de 40 mil pessoas.

Perante esta situação, 20 mil pessoas poderão também ser transferidas para o território grego continental, mediante as vagas existentes.

As novas estruturas receberiam os migrantes que se encontram pendentes da aceitação dos seus pedidos, bem como aqueles que demonstrem "comportamentos impróprios" referiu Stelios Petsas.

A entrada e saída das instalações seria verificada e proibida durante a noite, acrescentou ainda o porta voz do governo.

Cada centro terá a capacidade de cinco mil pessoas.
Grécia como porta de entrada
Em 2019, a Grécia voltou a destacar-se como principal porta de entrada de inúmeros migrantes.

Sessenta e duas mil pessoas é o número de refugiados que chegaram por via marítima à Grécia, revelaram os dados da Organização Internacional para as Migrações.

Apenas uma pequena parcela deste número consegue chegar ao continente europeu.
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