Greve de professores em Chicago põe em causa o sistema político

por RTP
Reuters

Uma greve de professores dura há sete dias e tem exigências que os professores querem ver cumpridas em Chicago. A classe pede aumentos de salário, corte do número de alunos por turma e maior número de profissionais nas escolas, como enfermeiros. A presidente da Câmara de Chicago diz que percebe o que é pedido mas que não existe dinheiro para reformar o sistema escolar.

Existiram concessões em assuntos menores mas as principais exigências dos professores em Chicago não foram aceites e as negociações arrastam-se com a classe profissional a avisar que não terminará a greve enquanto não vir os seus pedidos a serem aceites pela classe política.

A greve denuncia a atuação dos dois partidos políticos nos Estados Unidos e mostra como nos últimos anos tornaram a educação num negócio e como o tratamento negligente do setor escolar em Chicago obedeceu a um projeto para “refazer” o sistema educativo, para criar cidadãos dóceis que aceitem as condições de trabalho das grandes corporações financeiras.

Os professores pedem mais e melhores condições, especialmente para alunos com grandes dificuldades sociais, tal como acontece com as comunidades afro-americana e hispânica. Querem menos alunos por turma, que o número de testes seja reduzido, que os professores mais experientes tenham um salário maior. Pedem também trabalhadores da Segurança Social nas escolas e mais profissionais que ajudem os alunos com necessidades especiais, um enfermeiro e um bibliotecário por cada escola.

O sindicato de Professores exige também mais segurança nas escolas respeitando as necessidades dos alunos, em vez de tornar as instituições em prisões. Querem menos negligência em programas desportivos para os alunos e pedem melhores condições para ensinar os adultos do futuro.

Mais de 25 000 professores estiveram nas ruas a protestar e as negociações têm sido lentas. Mais de 300 000 alunos não tiveram aulas esta sexta-feira. Numa conferência de imprensa, o presidente do Sindicato dos Professores, Jesse Sharkey, revelou que as conversações podem estar a avançar e que se encontra optimista: “Tivemos conversas que, com sorte, podem dar-nos um caminho para chegar a acordo”.

Lori Lightfoot, presidente da Câmara de Chicago e uma democrata progressiva, veio a público dizer que prometeu um aumento aos professores de 16 por cento nos próximos cinco anos e tentar cortar no número de alunos, contratando mais profissionais para as escolas.

No entanto, a autarca revelou que a cidade não pode aceitar todas as exigências do sindicato que podem custar à cidade mais de dois mil milhões de euros anualmente, um aumento de 30 por cento dos custos no que ao orçamento para a educação diz respeito.

“Enquanto a população percebe a situação de serem precisos enfermeiros e outras coisas mais, há um entendimento que isto não aparece do nada e vão ser precisos anos de esforços para fazer com que as escolas funcionem melhor”, complementou Dick Simpson, um professor de Ciência Política em Chicago.
Tópicos
pub