Juan Guaidó, autoproclamado Presidente interino da Venezuela, criticou a expulsão de cinco eurodeputados do país, no domingo, atribuindo a decisão a um “regime isolado e cada vez mais irracional”.
“Exercemos toda a pressão necessária para pôr fim a esta usurpação. Vamos Continuar!”, escreveu Guaidó na rede social Twitter, depois da delegação do parlamento Europeu ter sido impedida de entrar no país.
La delegación de eurodiputados invitada a Venezuela es expulsada por un régimen aislado y cada vez más irracional.
— Juan Guaidó (@jguaido) 18 February 2019
Es el usurpador quien eleva el costo a lo que es un hecho: la transición.
Ejerceremos toda la presión necesaria para lograr el cese de la usurpación. ¡Seguimos! pic.twitter.com/Mwvzi2l4Jr
Juan Guaidó, líder da Assembleia Nacional que se autoproclamou presidente interino no dia 23 de janeiro, é reconhecido por cerca de 50 países, entre eles os Estados Unidos, sem ter as alavancas do poder executivo.
Num vídeo gravado no Aeroporto Internacional Simón Bolívar de Maiquetía, o principal aeroporto do país, um dos membros da delegação europeia e porta-voz do Partido Popular espanhol Esteban Gonzalez Pons, afirmou que as autoridades venezuelanas não justificaram a decisão.
"Estamos a ser expulsos da Venezuela: os nossos passaportes foram confiscados, não nos foi comunicado o motivo da expulsão, nem temos um documento que justifique a nossa expulsão do país", disse.
Be aware!Our passports have been taken and we’re being expelled from Venezuela. Bad manners and the only explanation is Maduro doesn’t want us here.
— González Pons (@gonzalezpons) 17 February 2019
A delegação estava composta pelos eurodeputados Esteban González Pons, José Ignácio Salafranca Sánchéz-Neyra e Juan Salafranca.
Dela fazia parte também o eurodeputado português Paulo Rangel, que perdeu o voo de ligação entre Madrid e Caracas.
O eurodeputado português, na Antena 1, contou que ia juntar-se a esta delegação mas devido ao congestionamento do tráfego aéreo em Madrid não conseguiu voar para Caracas.
Conta o eurodeputado do PSD que os colegas de Bruxelas viram o passaporte retido e têm guia de marcha para a Europa.
A expulsão dos eurodeputados foi denunciada pelo deputado opositor Francisco Sucre, através da sua conta oficial no Twitter, onde afirma que a delegação já tinha chegado ao Aeroporto Internacional Simón Bolívar de Maiquetía (norte de Caracas), o principal do país.
"Queremos alertar a opinião pública nacional e internacional que o regime usurpador de Nicolás Maduro acaba de proibir a entrada na Venezuela de uma delegação de eurodeputados que vieram a convite da Assembleia Nacional da Venezuela e do seu presidente Juan Guaidó", escreveu.
Segundo Francisco Sucre, a decisão das autoridades venezuelanas foi um "novo atropelo contra a liberdade e a democracia".
Queremos alertar a la Opinión Pública nacional e internacional que el régimen usurpador de @NicolasMaduro acaba de prohibirle la entrada a #Venezuela a una delegación de Eurodiputados que venían a atender una invitación de la @AsambleaVE y su presidente @jguaido
— Francisco Sucre (@fcosucre) 18 February 2019
"Proíbem a entrada aos eurodeputados e retêm os seus passaportes sem razão ou explicação alguma, o que é um abuso de força de um regime que recorre à força para aferrar-se ao poder", sublinhou.
URGENTE VENEZUELA! La dictadura usurpadora de Nicolas Maduro acaba se expulsar del Pais a una Delegacion del Parlamento Europeo invitada por la Asamblea Nacional demostrando la irracionalidad y el miedo por saber que son un Dictadura Moribunda pic.twitter.com/SBzMN5h2Kw
— Francisco Sucre (@fcosucre) 17 February 2019
Dictador Maduro atropelló democracia y libertad impidiendo ingreso eurodiputados @GonzalezPons @GabrielMatoA @Esther_De_Lange @PauloRangel_pt José Ignacio y Juan Salafranca.Ese atropello muestra urgencia siga creciendo apoyo a @jguaido e itinerario transición y elecciones libres
— Carlos Holmes Trujillo (@CarlosHolmesTru) 18 February 2019
"O Governo da Colômbia repudia que a ditadura tenha impedido a entrada na Venezuela de membros da delegação do Parlamento Europeu. Muito em breve, o país irmão voltará a ter democracia e liberdade", escreveu o ministro dos Negócios Estrangeiros, Carlos Holmes Trujillo, também no Twitter.
Delegação do PE notificada “há vários dias”
Entretanto o ministro dos Negócios Estrangeiros venezuelano revelou que a delegação do Parlamento Europeu (PE) que foi impedida de entrar na Venezuela tinha sido notificada "há vários dias" de que "não seria admitida" no país.
"Por vias oficiais e diplomáticas, as autoridades do Governo Bolivariano da Venezuela, notificaram, há vários dias, o grupo de eurodeputados que pretendia visitar o país com fins conspirativos, que não seria admitido", escreveu Jorge Arreaza, na sua conta oficial da rede social Twitter.
Por vías oficiales diplomáticas, las autoridades del Gobierno Bolivariano de Venezuela le notificaron hace varios días al grupo de eurodiputados que pretendía visitar el país con fines conspirativos, que no serían admitidos y se les instó a desistir y evitar así otra provocación
— Jorge Arreaza M (@jaarreaza) 18 February 2019
Segundo o ministro venezuelano, as autoridades da Venezuela "instaram" os deputados "a desistir" da visita "e evitar assim outra provocação".
“O Governo constitucional da República Bolivariana da Venezuela não permitirá que a extrema direita europeia perturbe a paz e a estabilidade do país com outra das suas grosseiras ações ingerencistas. A Venezuela se respeita!", escreveu Jorge Arreaza numa outra mensagem.
O regime de Nicolás Maduro, apoiado pela Rússia, China, Turquia, Irão e Cuba, controla as fronteiras do país.
Acampamentos acolhem milhares de pessoas
A oposição venezuelana instalou uma dezena de acampamentos por todo o país, nos quais acolheu milhares de pessoas a quem assegura ajuda humanitária, que está armazenada na Colômbia e que espera que entre em território venezuelano no dia 23.
O deputado Winston Flores disse, domingo, aos jornalistas, citado pela agência Efe, a partir de um destes acampamentos, no bairro Macarao, em Caracas, que o dia de hoje se caracterizou pela “classificação” de doenças entre a população mais vulnerável, principalmente crianças e idosos.
“É um trabalho essencial para que tenhamos esta ponta de lança do que será a avalanche humanitária a 23 de fevereiro, quando entrar essa ajuda humanitária, em massa, de que tanto necessitam os venezuelanos”, afirmou.Os primeiros dados recolhidos neste acampamento de Caracas mostraram que as doenças de pele, diabetes, hipertensão, Parkinson, osteoporose e desnutrição – esta última em crianças – são as doenças que mais afetam os que para ali se deslocaram.
De acordo com Winston Flores, nos acampamentos humanitários trabalham de forma voluntária centenas de médicos, psicólogos, nutricionistas e voluntários dos partidos políticos da oposição, bem como parte dos mais de 600 mil voluntários de uma rede que irá trabalhar na entrada das doações.
No entanto, assinalou que este esforço foi “curto” devido à “magnitude das necessidades que existem”.
Nesse sentido, pediu aos militares que permitissem a entrada das ajudas perante as reiteradas recusas do Governo do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, a aceitá-las.
Também domingo, o senador norte-americano Marco Rubio pediu em Cúcuta, na Colômbia, cidade onde está armazenada a ajuda, à Guarda Nacional Bolivariana que “tome a decisão correta” e permita a entrada na Venezuela da ajuda humanitária proveniente dos Estados Unidos.
“É um crime internacional, um crime contra a Humanidade, isso é muito claro e que tomem a decisão correta”, defendeu.
Nicolás Maduro disse na semana passada que os alimentos doados pelos Estados Unidos são um “presente podre”, que tem o “veneno da humilhação”, enquanto a sua vice-presidente, Delcy Rodríguez, afirmou, sem mostrar provas, que são “cancerígenos”.
Perante isto, Winston Flores respondeu que “a única comida contaminada que chegou à Venezuela” é distribuído pelo Governo no programa de ajudas conhecido como Clap e que, segundo o parlamento, que controla o anti-chavismo, causou perdas económicas milionárias sobre custos e corrupção.Na segunda região mais importante do país, o estado de Zulia (na zona oeste, na fronteira com a Colômbia), a parlamentar da oposição Nora Bracho assinalou, a partir de outro acampamento, que os venezuelanos atravessam “momentos muito duros”, e pediu aos militares “que se ponham do lado dos mais necessitados” e permitam a entrada da ajuda.
A Venezuela vive grande instabilidade política desde 10 de janeiro passado, quando Maduro tomou posse após umas eleições que não foram reconhecidas como legítimas pela maioria da comunidade internacional.
A crise política agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.
Maduro, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.
Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados das Nações Unidas.