Foi uma “grande concessão” por parte da Administração norte-americana. O presidente da Comissão Europeia resume assim o resultado mais concreto do encontro que manteve na quarta-feira, em Washington, com o Presidente dos Estados Unidos – a promessa de que não haverá taxas adicionais sobre automóveis importados do Velho Continente. A proclamar intenções de paz para a indústria, a energia e a agricultura, quer Donald Trump quer Jean-Claude Juncker dão como atenuado o braço-de-ferro das tarifas aduaneiras.
Do encontro de quarta-feira – e da conferência de imprensa conjunta a partir dos jardins da Casa Branca -, sobressaem sobretudo as declarações de vontade. O alcance dos compromissos deverá ser talhado nas negociações que se seguirão à conversa entre Donald Trump e Jean-Claude Juncker.
Fontes de Bruxelas, citadas pelas agências internacionais, afiançam que não haverá qualquer nova tarifa aduaneira imposta pelo Governo Federal dos Estados Unidos a automóveis produzidos na Europa. Uma decisão que agradará sobretudo à Alemanha e aos seus construtores do sector.
Por outro lado, espera-se que a União Europeia comece desde já a importar “mais soja” da América. Ao mesmo tempo, a Administração Trump deverá rever as taxas impostas ao aço e ao alumínio europeus.
Numa quase imediata reação, o ministro alemão da Economia, Peter Altmaier, lançou-se ao Twitter para clamar um “avanço” que “pode evitar uma guerra comercial e salvar milhões de empregos”.
Congrats to @JunckerEU, @realDonaldTrump: Breakthrough achieved that can avoid trade war & save millions of jobs! Great for global economy!
— Peter Altmaier (@peteraltmaier) 25 de julho de 2018
Christine Lagarde, a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional, pronunciou-se em sentido análogo: “A economia mundial tira vantagem quando os países se empenham de forma construtiva em resolver os seus desentendimentos comerciais sem recurso a medidas excecionais”.
“Chegámos hoje a um acordo”, proclamou Juncker ao lado de Trump, assinalando em seguida a intenção, por parte da Comissão Europeia, de promover também as importações de gás natural liquefeito dos Estados Unidos.
Após o encontro, Donald Trump recorreu também ao Twitter para publicar uma fotografia de um abraço com o presidente da Comissão, ilustrada com a afirmação de que Estados Unidos e União Europeia “amam-se”.
Obviously the European Union, as represented by @JunckerEU and the United States, as represented by yours truly, love each other! pic.twitter.com/42ImacgCN0
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 25 de julho de 2018
Outro dos anúncios a sair do encontro na Casa Branca foi o de um entendimento tendo em vista a reforma da Organização Mundial do Comércio. Com a China no ponto de mira da atual Administração norte-americana – designadamente as práticas que o Departamento do Comércio dos Estados Unidos carimba como a transferência compulsiva de tecnologia e o “roubo de propriedade intelectual”.
“Vamos trabalhar estreitamente com parceiros que partilham as nossas ideias para reformar a OMC e tratarmos do problema das práticas comerciais desleais, incluindo o roubo da propriedade intelectual, a transferência forçada de tecnologias, as subvenções industriais, as distorções criadas pelas empresas do Estado e a sobrecapacidade”, declarou Donald Trump.
A contrastar com esta – pelo menos aparente – reaproximação atlântica e horas antes da reunião entre Juncker e Trump, o Presidente chinês, Xi Jinping, acendia a partir da África do Sul novo sinal amarelo a Washington, ao reiterar que uma guerra comercial não produz vencedores.