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Guiné-Bissau. Forças Armadas não interferiram nas presidenciais, diz CEMGFA

por Lusa

O chefe das Forças Armadas da Guiné-Bissau garantiu hoje que os militares não fizeram interferências nas eleições presidenciais e não sequestraram o presidente da Comissão Nacional de Eleições, afirmando que não vai permitir mais perturbações no país.

"Posso garantir-vos que as Forças Armadas não interferiram nada nestas eleições presidenciais", afirmou aos jornalistas o chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA), Biagué Na Ntam.

O general Biagué Na Ntam, que falava após o início de uma formação para militares, disse que as Forças Armadas demonstraram o seu valor durante a "luta armada" e que agora estão a "demonstrar o seu valor no processo de reconstrução nacional" e que juraram pela "tranquilidade e paz" no país.

"Quero dizer-vos que estas são as quintas eleições presidenciais na Guiné-Bissau. Nunca houve acusação sobre o envolvimento dos militares. A lei determina claramente como e até que medida os militares podem garantir segurança às mesas de voto. 500 metros. Os militares regem-se pelas leis, pela Constituição da República. Nós não estamos aqui para violentar ninguém", afirmou.

O general disse também que nos últimos cinco anos só os militares é que sabem o que sofreram, salientando que foi convidado para fazer um golpe de Estado em 2016 para tirar o Presidente cessante, José Mário Vaz.

"Recusei. Disse a essas pessoas que o `Jomav` [nome pelo qual é conhecido José Mário Vaz] vai concluir o seu mandato de cinco anos. Não haverá golpe algum. Disse sempre que a nossa missão é assegurar a paz e a tranquilidade. Fomos convidados para assaltar a presidência, mas recusámos", denunciou Biagué Na Ntam.

O chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas recusou também envolvimento num alegado sequestro do presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE), José Pedro Sambú, lembrando que quem lhe garante a segurança é a Ecomib, força de interposição militar da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), com a Polícia de Ordem Pública e a Guarda Nacional.

"Como se pode afirmar uma coisa dessas, sem que tivesse havido reação do Governo?", questionou o general.

Dias após a segunda volta das eleições presidenciais, realizadas a 29 de dezembro, a mandatária da candidatura de Domingos Simões Pereira afirmou que o presidente da CNE foi coagido por militares a forjar números e a "ignorar a soberania popular".

"Nas eleições de 29 de dezembro, para atribuir a vitória parcial ao candidato do MADEM-G15, o presidente da CNE, José Pedro Sambu, fora coagido a cometer um erro grotesco. O facto de ter sido obrigado pelas Forças Armadas e de ter perdido a sua liberdade de pensamento e de ação, levou-o a forjar números e ignorar a soberania popular", escreveu Ester Fernandes, antiga ministra da Administração Territorial, numa carta divulgada na página oficial de Domingos Simões Pereira.

"Como é que se pode afirmar que nós é que roubamos os resultados e demos a outra pessoa?", questionou hoje novamente Biagué Na Ntam, salientando que um militar também é um cidadão e "tem direito de resposta, tem o direito de apresentar queixa na justiça contra as pessoas que lançam calúnias".

"Não vamos aceitar mais humilhação, nós que somos o braço armado da República. O Estado da Guiné-Bissau está nas Forças Armadas. Não vamos permitir mais perturbação nesta terra. Basta o nosso silêncio durante os últimos cinco anos", afirmou.

Nas declarações aos jornalistas, o general questionou os militares que vão receber formação sobre para onde vai quem "for apanhado com armas na mão na rua a perturbar a paz", aos que os militares responderam em coro: "Para o cemitério de Antula".

"Não há nenhuma força nesta terra que nos possa impedir de fazer nada. Sabemos muito bem dos problemas dos outros países. Conhecemos muito dos nossos que foram fazer campanha eleitoral com farda no corpo. Isso é que é a instabilidade. Não vamos permitir que estrague a paz que semeamos nesta terra. Também não quero nenhum militar na política", concluiu.

A CNE divulgou os resultados definitivos das eleições presidenciais, indicando que Umaro Sissoco Embaló obteve 53,55% dos votos e Domingos Simões Pereira 46,45%, enquanto decorre um recurso contencioso no Supremo Tribunal de Justiça.

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