Guterres com "sincera esperança" que pacto global seja adotado em 2018

por Lusa
Manuel de Almeida - LUSA

O secretário-geral da ONU disse hoje em Lisboa ter a "sincera esperança" de que quase todos os países adotem em 2018 um documento compacto para as migrações, algo que "dignifique a comunidade internacional" e reconheça os direitos dos migrantes.

"Tenho a sincera esperança de que seja possível aprovar um compacto, que seja um compacto que dignifique a comunidade internacional e que reconheça o papel positivo das migrações e que reafirme os direitos dos migrantes", afirmou António Guterres, numa conferência de imprensa, após a cerimónia de atribuição do título de Doutor Honoris Causa, quando questionado sobre o futuro pacto global para uma migração segura, regular e ordenada, que a ONU ambiciona formalizar ainda este ano.

O Global Compact for Migration (na versão em inglês), que deu os primeiros passos em Setembro de 2016, sofreu um revés quando, em dezembro passado, o Presidente norte-americano, Donald Trump, decidiu retirar os Estados Unidos deste pacto da ONU, alegando que o acordo é "incompatível" com a política da atual administração norte-americana.

Questionado sobre a meta de adotar este pacto ainda este ano, apesar da retirada norte-americana, Guterres manifestou confiança e afirmou: "Devo dizer que nada indica que um número significativo de países venha a abandonar o compacto na sequência da saída dos Estados Unidos".

E destacou que o "projeto zero" do documento, elaborado pelo México e pela Suíça, "foi bem recebido pela generalidade dos países".

Ainda sobre o documento, que as Nações Unidas desejam formalizar durante uma conferência intergovernamental a realizar em Marraquexe (Marrocos), em dezembro deste ano, Guterres frisou que espera que este pacto para as migrações "possa efetivamente contrariar algum discurso xenófobo (...) algum populismo que tem muitas vezes descrito as migrações de uma forma completamente negativa e que não corresponde à realidade".

Realçou, no entanto, que este acordo "infelizmente não é uma convenção internacional, não terá valor legal impositivo" e como tal "tudo depende da vontade política dos governos" para o aplicar na prática.

O secretário-geral das Nações Unidas foi hoje distinguido com o grau de Doutor Honoris Causa" pela Universidade de Lisboa, sob proposta do Instituto Superior Técnico, onde foi aluno e professor.

A cerimónia realizada na Aula Magna teve a presença de diversas individualidades, nomeadamente o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o primeiro-ministro, António Costa, vários ministros e membros do corpo diplomático acreditado em Portugal.

Tópicos
pub